sexta-feira, 24 de junho de 2022

Humano - Capítulo 5


 

No dia seguinte a casa no lago está silenciosa, em um plano cenital (do ponto de vista de um pássaro) podemos ver um carro encostando na entrada da casa, Nick e Jason saem do carro e caminham com tranquilidade para dentro da casa.

Silêncio.

Os dois rapazes saem desesperados da casa.


Uma ambulância percorre a estrada.


Jack em primeiro plano, sentado na sala de espera do hospital, atrás dele os ponteiros do relógio se movem lentamente do meio dia até cinco da tarde, os pais das duas garotas são apenas vultos desfocados atrás dele.

Um médico se aproxima, os pais se levantam, o olhar de Jack suplica por um pouco de esperança.


A chuva é incessante, mais uma vez acompanhamos a visão pela visão de um pássaro, o carro funerário entra pelos portões do cemitério.

 O carro estaciona, dois funcionários abrem a porta traseira, de onde retiram dois caixões, Jack carrega o primeiro caixão, seu olhar reflete dor, uma dor tão grande que destruiu sua alma, o policial aposentado e sorridente está morto, restando apenas uma casca vazia, sustentada pela raiva e pela dor.

A chuva cai sobre os caixões, sobre as pessoas, sobre o padre e sobre Jack, os caixões desaparecem na sepultura, os pais choram inconsoláveis.


Segunda-Feira


Jack entra na sua antiga delegacia de polícia, os presentes se aproximam do velho policial, o cumprimentando, Jack agradece educado, é apenas uma máscara.

  • Onde está Wes?

  • Na sala dele…

  • Obrigado.

Antes de permitir uma resposta Jack abre espaço entre os policiais e entra na sala de Wes, de início o velho capitão se irrita, mas ao reconhecer Jack ele muda sua expressão para piedade.

  • Jack… Eu sinto muito, eu prometo que vamos encontrar quem fez isso.

Os dois se abraçam, em seguida se sentam.

  • Você sabe como essas coisas são - o capitão começa a se justificar - mas prometo que vou cuidar pessoalmente do caso.

  • São menores de idade?

  • Jack…

  • São menores de idade?

  • Não, ao menos não parece, temos o DNA deles, a questão é encontrá-los.

  • Você vai encontrá-los, vai prender os dois. O crime teve um líder, ele será condenado a perpétua, vai ficar o resto da vida em uma cela, os demais terão uma pena mais branda. Um deles vai fazer um acordo.

  • Jack, você não deve ficar pensando nessas coisas.

  • Se forem bem assessorados podem fazer um acordo, com promessa de condicional.

  • Onde você quer chegar?

  • O que você tem?

  • Nunca mais pergunte isso, vou fingir que não ouvi, agora você vai sair por aquela porta e vamos fingir que essa conversa nunca aconteceu.

  • O seu cu que eu vou.

  • Jack…

O avô se levanta, sua expressão demonstra que ele não tem mais nada a perder.

  • Eu amo você Wes, é como um irmão, por isso vou pedir mais uma vez, o que você tem?

O coronel olha para seu amigo, não com medo, mas com empatia, por um minuto ele pensa se não faria a mesma coisa, em seguida abre o computador, digita alguma coisa e imprime uma imagem, que oferece a jack.

  • Essa é a melhor imagem que temos, um frame melhorado da câmera de segurança da parte de trás da casa, um policial reconheceu esse homem - ele aponta para um dos quatro estupradores na foto - o apelido é Rato, seu nome é Robert Kennedy Dawson, tem ficha por assaltos e dirigir embriagado.

Wes entrega a imagem para Jack, que observa a imagem sem emoção.

  • Eu pedi um mandato, vamos na casa dele amanhã a noite, se o mandato sair logo, com um pouco de persuasão ele pode incriminar os colegas.

  • Você delataria um homem que fez o que fez ou ficaria em silêncio com medo?

  • É o que temos.

Jack se levanta, em silencio se afasta, antes de sair ouve um último aviso: “amanhã a noite, não posso segurar mais”.


Terça-Feira, noite


Free tem dificuldade para abrir a porta de casa, ele carrega muito peso nas mãos e no coração, uma vez dentro ele bate a porta e caminha no escuro, ligando a televisão, está sendo transmitido o jornal noturno:

“A polícia não tem informações sobre o cruel assassinato da duas garotas que foram passar o final de semana na casa do lago, o principal suspeito Robert Nennedy Dawson está desaparecido”

Free coloca o pacote na mesa, só nesse momento ele percebe que seu cachorro não está latindo.

Um barulho forte, seguido por uma massa negra atravessando a janela, Free cai no chão assustado, ele reconhece seu cachorro morto.

Jack entra pela janela, em silêncio, Free o olha resignado, o idoso o chuta, em seguida o algema ao fogão, em seguida começa a falar.

  • Estou pensando bastante nesses dias, não tenho outra coisa para fazer, senão ficar refletindo. Por anos acreditei na justiça, não por idealismo, mas por acreditar em uma justiça maior.

Free parece entender quem é aquele homem, sua expressão muda para medo.

  • Não foi Deus quem estuprou e matou minhas netas, também não foi Deus quem torturou e matou seu amigo Rato - ele faz uma pausa, abrindo uma sacola esportiva - Fomos você e eu, eu fiquei pensando, se Deus existe ele simplesmente não se importa”.

  • Eu sinto muito, não queria, mas Pluto iria me matar se eu não o fizesse.

  • Ele não se importa, essa é a grande verdade do universo.

Jack retira uma bisnaga de fluído de isqueiro e começa a despejar sobre Free, ignorando os pedidos dele por piedade, em seguida se afasta, abre a caixa de fósforos (Jack aproveita cada momento), risca o fósforo e joga sobre Free.

Os gritos do homem sendo tostados são a coisa mais agoniante e terrível que Jack já viu, ele não se importa.

Free se contorce, mas não consegue ficar de pé, por causa da algema, a dor é tamanha que o homem não consegue ter nenhum pensamento.

Ele demora para parar de gritar, o fogo se espalha e Jack lamenta não poder continuar assistindo o espetáculo e sai pela porta da frente, escondendo seu rosto com um boné e o gorro de sua blusa.

O incêndio toma conta da casa, atraindo a atenção das autoridades e da mídia, nada que se destaque em uma cidade grande. Começa a chover, as gotas preenchem o rosto de Jack, que anda na direção de seu barracão, o mesmo onde Rato fora morto.


Quarta-Feira, entardecer


Bob estaciona seu carro na entrada de um bar streap a beira da estrada, onde entra assustado, em uma rápida olhada pelo ambiente ele encontra Pluto, terminando alguns negócios em uma mesa.

Bob espera perto do balcão até que Pluto termine suas atividades, sua ansiedade é evidente, o que chama atenção de algumas pessoas.

Na mesa, Pluto termina seus negócios, faz um sinal com o olhar para Bob, mas volta sua atenção para uma dançarina ao lado, que retira a parte de cima de seu traje.

Bob senta-se assustado, o que irrita Pluto, o loiro fica assustado, mas não se acanha.

  • Free está morto.

  • Eu soube, virou churrasco,

  • Rato está desaparecido a muito tempo, também deve estar morto.

  • É provável.

  • Os dois sumiram depois…

Pluto desfere um tapa no rosto dele, nada que atrapalhe a dançarina, que agora está de quatro, roçando a virilha no palco.

  • O que você esperava? Um plano de aposentadoria?

  • O que vamos fazer?

  • Bom, vou terminar minha cerveja e depois comer uma gostosa.

  • Tem alguém nos caçando, Pluto.

  • É provável, mas se for verdade, tem que me pegar primeiro.

Pluto levanta-se e segue até uma mesa, onde uma prostituta está à toa, ele a agarra pelo pulso e segue para o segundo andar.

Bob levanta-se desconfortável e sai do bar.

No lado de fora percebe algo de estranho no seu carro, no vidro da frente ele encontra a frase “Você é o próximo”.

Bob saca uma arma e olha em volta, reconhecendo um caminho que segue para uma zona de mato, que leva a um pequeno bosque.

“Pluto tem razão”, ele segue o caminho onde acredita que vai encontrar o assassino de Free e Rato.

Ao se afastar do acostamento da via o mato começa a subir, roçando em sua canela, é quando pisa em uma armadilha de urso, a dor começa, Bob grita de dor, perdendo o equilíbrio, derrubando sua arma.

Jack assiste a cena por detrás da árvore, ele puxa uma corrente, presa em uma roldana fixada na árvore, que ergue Bob pela perna.

O loiro pisou em uma armadilha para urso, cujos dentes atravessam seu tornozelo. 

Jack prende a corrente no toco de outra árvore e se revela para Bob, pendurado de ponta cabeça, girando no ar.

  • Você tá morto cara! Ouviu? Você tá morto.

  • Vocês já me mataram.

  • Quem é você cara? Isso tudo é por causa daquelas garotas?

Jack desfere um soco nas costelas de Bob, seu corpo gira pendurado pelo tornozelo machucado.

O idoso retira do bolso uma bola de fisioterapia e um rolo de fita colante, com o qual usa para amordaçar Bob, em seguida ele desaparece atrás da árvore, ressurgindo com um martelo.

Bob começa a gemer, tentando se afastar, o que aumenta de dor em seu tornozelo, Jack desfere uma martelada nas costelas de Bob, que tem seus gritos abafados, o idoso retira um longo prego do bolso, o encosta na canela de Bob e começa a martelar.

Ele seleciona outro prego e o finca no joelho de Bob, as forças das marteladas forçam demais o tornozelo de Bob, que se separa do pé, derrubando o loiro da árvore, Jack senta-se sobre ele, encosta a ponta do prego no queixo dele e começa a martelar, até não afundar mais.

O próximo prego é colocado sobre o osso zigomático (aquele abaixo do olho, na lateral do rosto), em seguida finca o prego no osso zigomático da outra face.

Jack contempla seu trabalho, Bob está chorando de dor, ele tenta falar, mas não consegue por causa da mordaça, Jack se irrita com a reação patética dele e desfere marteladas por todo o corpo do loiro, que tenta gritar, mas se engasga com a bola. O loiro começa a asfixiar, Jack o vira de costas, retira de seu bolso um arame e envolve o pescoço de Bob.

Jack fica de pé, erguendo Bob pelo arame, os pés do loiro ficam suspensos do chão, o arame adentra a carne do pescoço, Jack coloca mais força, as veias dos seus braços se sobressaem, o arame afunda mais na carne, o sangue escorre em abundância, Bob é decapitado.

Jack desarma a armadilha de urso e se afasta carregando a armadilha em uma mão e a cabeça de Bob na outra.

Ao final da noite Pluto sai do bar e encontra seu mustangue com o capô levantado, a cabeça de Bob está sobre o motor, na boca dele uma mensagem.


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