domingo, 24 de outubro de 2021

Senzala de Sangue

 


O cenário é um acampamento de trabalhadores rurais invasores de terra, Joseval empunha sua enxada com o olhar voltado para uma fazenda abandonada. Zé Pilão, o líder do acampamento aproxima-se com Alemão e Bola.

- Vocês estão vendo companheiros? - questiona o líder do acampamento, referindo-se a fazenda abandonada. 

- Parece vazia.

O braço direito de Zé Pilão, Bola, é o primeiro a opinar, sabendo que agradaria seu chefe. Porém foi Joseval quem pesquisou a fundo a propriedade:

- Quatro pessoas vivem lá companheiro Zé o caseiro, duas mulheres e uma criança.

- Tem cachorro? - Alemão estava preocupado com a invasão.

- Um vira-lata.

- Um lugar tão grande para quatro pessoas - inconformado com a "injustiça" Bola estava ansioso para a invasão. - Quando nós vamos chefe?

- Ainda não, companheiro, nosso advogado está cuidando de tudo. Por isso não podemos fazer nada até segunda-feira.

- Se ficarmos acampados aqui no final de semana o caseiro vai perceber.

- Nós não podemos invadir - Zé Pilão sorri - mas se a fazenda estiver vazia a burocracia é mais rápida.

- O caseiro pode não gostar da ideia - desta vez é Bola quem sorri, sabendo que poderia se divertir.

- Vocês podem convencê-lo companheiros. Avisem quando tiverem tudo sobre controle.


Naquela noite Maria, a mulher de Antônio, o caseiro, cozinha o jantar, enquanto seu filho Júnior de oito anos brinca no quintal com o cachorro da família. Maria olha pela janela, para ter certeza de onde seu filho está.

- Venha comer Júnior.

O garoto brinca com seu cachorro que rola no chão, Júnior levanta-se para entrar em casa, após alguns passos ouve o choro de seu cachorro. A criança olha para trás, o animal se encontra morto. 

Júnior aproxima-se curioso e assustado do cachorro com a cabeça rachada ao meio, antes de conseguir gritar o menino tem seu olho esquerdo perfurada pela picareta de Joseval. O invasor ergue a ferramenta rasgando o céu com o corpo de Júnior jogando-o ao chão.

Bola, Alemão, Letícia e Beiço saem de dentro da mata trazendo escopetas e ferramentas agrárias. 

Joseval leva o dedo indicador aos lábios pedindo silêncio, em seguida aponta para a casa. Beiço remove o corpo de Júnior enquanto os demais se aproximam da residência.  

Antônio estava sentado a mesa olhando para seu prato, salivando para poder jantar após um dia duro de trabalho, porém sua esposa o impede.

- Espere o Júnior.

- E a Juliana?

- Ela tem uma prova difícil amanhã, por isto está estudando.

- Ela tem que largar estas coisas e procurar um marido - O homem olha para trás e grita - Vem comer Juliana!

- Depois eu vou - grita a adolescente de seu quarto.

- Era o que eu tentava dizer, ela vai jantar depois.

Mas o marido não escuta, sua fome é grande e o ensurdece:

- Júnior. Vem logo!

Joseval arromba a porta com um chute, invadindo a casa. Nas mãos uma escopeta, Letícia e Alemão pulam outras duas janelas. 

Antônio fica de pé tentando proteger sua esposa, o casal caminha de costas para a porta da cozinha que dá para a sala, Alemão se coloca entre eles e o cômodo. 

Antônio tenta proteger sua esposa, ficando a frente dela.

- O que vocês querem?

Joseval assume a posição de líder:

- Onde está a outra mulher? 

- Não tem mais ninguém.

 Beiço se encontra do lado de fora montando guarda, enquanto Bola entra na casa ofegante após percorrer os arredores:

- Esta é a única porta companheiro Joseval.

- Procure em volta. E quanto a você caseiro não me faça procurá-la.

- Já disse não tem ninguém.

Joseval empunha um revólver 38 que estava em sua cintura, enquanto segura a escopeta com a mão esquerda, após mirar rapidamente atira no joelho de Antônio que cai no chão gritando de dor, Maria tenta apara-lo.

Letícia se desespera com as possíveis provas que eles deixariam.

- Sem tiros.

- Tudo bem, a bala ficou nele.

Enquanto seu pai é alvejado Juliana se esconde debaixo da cama chorando, tentando abafar seu choro, rezando para que os invasores fiquem longe de seu quarto.

- Vem aqui companheiro Bola.

Este aproxima-se de Joseval.

- O que foi?

- Aperta o joelho que ele vai cantar. Alemão dá uma geral na casa a garota deve estar escondida.

- E se ela fugiu?

- Nós vamos encontrá-la. Enquanto isto eu tenho algumas perguntas para o caseiro.

Juliana ainda estava debaixo da cama tentando conter o choro, pedindo proteção divina quando sua atenção é despertada por Alemão entrando em seu quarto.

O invasor sorri ao perceber que aquele era um quarto de garota e principalmente pelo espaço vazio entre a cama e o chão. 

Juliana segura sua boca com as duas mãos tentando evitar que algum som saia, ela treme de medo enquanto vê os pés de Alemão circularem a cama. O invasor para por um instante, Juliana prende a respiração olhando fixamente para os pés do invasor que vira a cama a jogando longe. 

A garota grita tentando se defender de Alemão, impaciente o trabalhador soca o estômago da garota que cai de joelhos, Juliana puxa o ar que não vem. 

Alemão segura os cabelos de Juliana a arrastando até a cozinha. 

A garota grita e se debate enquanto é arrastada pelos cabelos até Josival.

- Cale a boca ou mato seu pai.

Juliana se cala, Alemão joga a garota contra sua mãe, enquanto Josival se abaixa a frente de Antônio olhando-o nos olhos. O caseiro odeia aquele homem, desejando matá-lo com todas as suas forças, Josival percebe e gosta, ele gosta de ser odiado e principalmente gosta de saber que quem o odeia é impotente.

- O que tem na casa principal?

- Nada, ela está vazia.

- Por que alguém manteria uma casa vazia?

- O patrão costumava vir, mas faz alguns anos que ele não aparece.

- Tem mais alguém na casa?

- Não tem nenhuma pessoa lá dentro.

- Se tiver alguém eu volto. Tem vizinhos?

- Não, toda esta área é do patrão.

- Ouviram isto? Tem crianças passando fome e o playboy com esta casa só para ele. E este puto aqui colabora com "o patrão".

Josival chuta Antônio enquanto os outros invasores dão risada.

No lado de fora Beiço ouve as risadas sabendo que está perdendo a diversão, sua atenção é desviada por um barulho, o trabalhador rural e invasor de terras ergue sua escopeta apontando-a para noite, pé ante pé Beiço caminha na direção do ruído, em direção da casa.

- Tem alguém aí?

Ele ouve um novo ruído, desta vez na na frente da casa. Beiço mira sua escopeta, mas não encontra ninguém.

- Eu não sei quem é você, mas nós estamos fazendo justiça social, nossas famílias precisam de um lugar para viver e este terreno está vazio.

Beiço ouve algo ranger, uma das janelas está aberta, assim como as duas pequenas portas de madeira que protegem a janela. 

Beiço se aproxima, percebendo que aquela janela é a única entrada para a casa. Ele ouve um choro.

- Não precisa ter medo, nós somos pessoas boas.

Beiço se apoia-se na janela tentando olhar dentro da casa quando é atingido na cabeça e arrastado para dentro da casa.


Ao mesmo tempo, dentro da residência do caseiro, Josival desfere um tapa na cabeça de Antônio que contém suas lágrimas de ódio e frustração.

- O terreno não é meu.

- Mas você trabalha aqui, você colabora com os imperialistas, você é a favor favor da miséria.

- Eu preciso sustentar minha família.

Irritado Josival chuta Antônio diante de sua família, ele fica de pé apontando sua escopeta para o caseiro, Maria e Juliana tentam cobri-lo, mas é Letícia quem impede o assassinato.

- Sem provas materiais.

Josival olha sua companheira com ódio, rapidamente ele decide o que fazer, sorrindo Josival encara a mulher e filha do caseiro.

- Família, não é?

- NÃO!!! Fique longe delas!

Josival ri com a ideia que acaba de lhe passar pela cabeça.

- Faz quanto tempo que você não trepa, companheiro Bola?

- Já tem algumas semanas.

- É hora de tirar o atraso.

Alemão e Bola arrastam Maria, Josival aponta sua escopeta para a cabeça de Juliana, enquanto Letícia se ajoelha sobre Antônio, pressionando seu revólver contra a cabeça dele.

Bola limpa a mesa jogando os pratos no chão, enquanto Alemão joga Maria por sobre a mesa, os dois sem-terra rasgam o vestido da mulher lambendo seu corpo, Bola chupa os seios dela, enquanto Alemão abre suas pernas. Humilhado Antônio chora abaixando sua cabeça, Letícia pressiona sua arma contra ele.

- É para olhar filho da puta.

Josival olha desejoso para Juliana, enquanto vê sua mãe ser estuprada. Alemão e Bola viram Maria de lado, os dois a estupram ao mesmo tempo, Bola pela vagina e Alemão penetra seu ânus, sabendo que com sua força a mulher sentiria mais dor do que se fosse o pênis de Bola. 

Maria grita de dor e desespero.

- Ei Joseval a buseta dela está molhada, a vagabunda está gostando.

Joseval olha para Antônio.

- Aprendeu como se faz?

Assim que Alemão e Bola ficam satisfeitos eles gozam no rosto de Maria jogando-a no chão. Letícia troca de lugar com Josival erguendo Juliana.

- Agora é minha vez de brincar companheiros.

Antônio tenta impedir mas é chutado por Josival.

Letícia coloca Juliana por sobre a mesa, levanta a saia da garota e lambe sua vagina, Bola segura os braços de Juliana, ficando excitado com as duas mulheres. 

Letícia tira sua blusa, em seguida rasga o vestido de Juliana esfregando seus seios nos da garota, Antônio chora impotente, Josival chuta as costelas do caseiro percebendo que acabara de quebrar uma delas.

- Ô Alemão! Limpa o pinto e vem segurar o homem.

Josival afasta-se da cozinha enquanto Letícia esfrega seu revólver na vagina de Juliana, a invasora tem orgasmos, já Bola está quase atacando a garota.

- Você já se divertiu Bola, não seja egoísta.

Josival deixa claro que era sua vez, ele enfia a escopeta na vagina de Juliana masturbando a garota, Josival surpreende-se ao constatar que ela não é virgem.

- Parece que você não vigiou sua filha, ela a putinha já deu. 

Em meio ao desespero Juliana pede desculpas ao pai, sem entender o que está falando, os invasores gargalham com a situação.

- Me diga garota, você é virgem por trás?

Juliana chora balançando a cabeça, Letícia e Bola colocam a menina de bruços enquanto Josival empunha um cabo de vassoura o enfiando no ânus de Juliana o mais profundo que consegue, a menina grita de dor, este é o incentivo de Josival para girar o cabo de vassoura o aprofundando.

Antônio não aguenta mais, ele tenta se levantar, mas Alemão agarra o caseiro pelo pescoço, o joga contra a parede, batendo com a cabeça do caseiro contra a parede, até essa se rachar..

- Ei companheiro Bola, vá trocar de lugar com o companheiro Beiço, veja se ele não quer brincar.

Bola vai procurar por seu companheiro enquanto Juliana arrasta-se até os braços de sua mãe. Bola volta em seguida assustado.

- Ele sumiu.

- Como assim sumiu?

- Eu não acho o Beiço, ele não está em nenhum lugar.

- Seu amigo deve ter entrado no casarão - Juliana rompe o silêncio encarando Josival com olhar rabioso - por que não olha lá?

- O que tem no casarão, putinha?

- Nada, ela é velha, foi construída na época da escravidão. Tem muitas lembranças.

- A elite é assim, fodem com quem quiserem e acham que podem esconder a verdade. Vamos companheiros.


Josival, Bola e Alemão vão até o casarão, enquanto Letícia senta-se com sua arma apontada para as duas mulheres.

Os três invasores aproximam-se do casarão, todas as portas e janelas estão trancadas, Alemão se aproxima para arrombar a porta quando esta se abre. O invasor para, olhando assustado para Josival.

- Tem mais alguém aqui.

- A porta abriu sozinha - Bola esconde-se atrás de Josival que acerta um tapa em Bola - idiota, é alguém querendo nos assustar. A falha é minha, não pesquisei direito.

Josival entra confiante no casarão seguido por um fiel Alemão e por um temeroso Bola, logo os três perceber que aquele não é uma casa comum, mas sim uma senzala desabitada, no teto encontram as argolas de aço onde os negros eram acorrentados, assim como um tronco. O local onde os negros dormiam estava intacto, como se alguém cuidasse. Porém era uma senzala muito grande com corredores e outras alas.

- Olhem o tamanho disto companheiros - Josival fica impressionado com o tamanho do lugar - estes filhos da puta. O playboy deve manter esta senzala para lembrar-se de quando oprimia nossos companheiros trabalhadores. Esta casa vai ser a primeira coisa que vamos derrubar depois da invasão.

Josival segue pelo corredor principal, Alemão e Bola vão por caminhos adjacentes, cada um devidamente armado procurando por mais um porco imperialista.

Bola caminha assustado por seu corredor, em cada parede marcas da tortura, com cada passo uma lembrança afogada em sangue. Ela ouve passos, aponta sua arma tremendo de medo quando surge um vulto.

- Quem é - sua voz tremia - apareça.

Para a surpresa de Bola surge uma mulher de traços indígenas linda, pele levemente morena, cabelos negros e longos moldavam sua face, olhos verdes, seios fartos, quadris largos completamente nua, ela é possivelmente a mulher mais linda que Bola jamais viu.

- Quem é você?

A garota se aproxima-se do invasor, que tenta manter sua arma empunhada, ela desliza os dedos por sobre a escopeta, olha para a arma de cano longo, em seguida encara Bola com malícia, mordendo seu lábio inferior impedindo assim um sorriso delator de desejo. 

Bola larga a arma e abraça aquela mulher beijando-a enquanto acaricia seu corpo. Os dois deitam no chão, a garota abre o zíper da calça de Bola, o sem-terra acredita ter o melhor dia de sua vida quando ela começa a cavalgar gentilmente rebolando seu quadril, Bola acaricia os seios dela quando sente uma profunda dor, a garota arrancou o pênis de Bola que grita desesperado quando a garota fura seus olhos.

Alemão ouve os gritos de Bola e volta correndo por onde veio, porém aquele caminho havia mudado, Alemão encontra-se em um labirinto, sua atenção é desviada por gemidos de dor e choro de desespero. 

Alemão segue o som deparando-se com escravos acorrentados, aqueles presos ao tronco são chicoteados. 

A garota de traços indígenas, outrora nua e agora vestida, observa a cena de longe. 

O invasor não entende o que está acontecendo. Eis que  a garota entra na senzala, limpando o suor da testa do negro que acabara de ser chicoteado. O capataz tenta persuadi-la.

- Por favor sinhazinha, aqui não é lugar para você. Seu pai vai ficar furioso se souber.

- O que este homem fez para ser tão torturado?

- Ele tentou fugir, por isto ele tem que servir de exemplo. 

- Solte ele.

A garota leva seus dedos até as corrente que prendem o escravo ao tronco, ela sente uma excitação com aquele cheiro de sangue e suor, o ódio contido revela seus próprios sentimentos que não podem ser revelados em uma sociedade escravista.

- Não posso soltá-lo, são ordens do sinhozinho ele vai ficar preso a noite inteira e amanhã eu continuo a tortura. Seu pai foi até generoso por mim quebrava os pés dele e deixava, a gangrena cuidaria do resto, mas seu pai quer o negro trabalhando. Ele quer mostrar que é mais forte.

Naquela noite a garota invade a senzala e solta o escravo do tronco. Este a segura pelo pescoço pressionando-a contra uma parede, mas o olhar sensual dela o convence do contrário.

- O que você quer mulher branca?

- Eu não sou branca, sou como vocês.

- Você vive na casa grande, você é branca.

- Mas meu lugar é aqui - o ódio surge em sua voz - vim solta-los.

Os escravos rebelam-se contra o sinhozinho invadindo a casa grande, ocorre um massacre o capataz mira no escravo, mas a garota coloca-se na sua frente recebendo o tiro fatal, o capataz larga a arma arrependido correndo para a garota, o escravo quebra os pés do capataz.

- Deixa, esse ai vai morrer pela gangrena.

Ao final da noite os escravos foram massacrados, o sinhozinho joga o corpo de sua filha na senzala para que apodreça, ao lado do demais.

Alemão percebe que está de volta na senzala, o tronco é ocupado por Bola, ele possui marcas de chicotadas no dorso, capado e de olhos perfurados Bola clama pela morte. Alemão tenta chamar pelo amigo:

- Companheiro?

Bola reconhece a voz de Alemão, o chamando. Alemão tenta ajudar o amigo quando é derrubado por dois escravos que retalham seus braços com facões, Alemão morre lentamente enquanto Bola ouve seus gritos sabendo que seria o próximo. A garota estava de pé ao lado de Bola.


Na residência do caseiro Letícia olha para o relógio, faz tempo que seus companheiros saíram.

- Eles estão mortos - Juliana rompe o silêncio enquanto olha de maneira vingativa para Letícia, que aponta sua arma para a adolescente.

- O que você quer dizer?

- Aquele casarão é maldito, vocês estão mortos.

- Se você não falar logo.

- Eu falo, a família do patrão é amaldiçoada, as pessoas morriam cedo até que o avô do patrão procurou um preto velho, este disse que uma ancestral, da época da escravidão o amaldiçoava pela morte de um escravo que ela amava, e não era só ela a família do patrão matou muitos escravos, estas almas não conseguiam descansar.

- Eu não sou supersticiosa, se tiver alguém naquela casa o Josival vai é acabar com ele.

- Não se pode matar os mortos.

- Pare Juliana.

- Não mãe - Juliana encara Letícia - agora escuta, o preto velho disse para o avô do patrão construir uma senzala para que sua ancestral e os escravos pudessem viver, assim as mortes iriam parar. Mas ele também avisou que concentrar tantos espíritos raivosos em um só lugar seria perigoso. Nós vivemos aqui para impedir que alguém entre na casa.

- Desculpe, mas eu não acredito em fantasmas.

- Agora já é tarde, a casa sentiu o gosto de sangue, todos vamos morrer.


Dentro da senzala Josival percebe que tem alguma coisa estranha, o corredor que ele percorre parecia não ter fim, o invasor ouve passos atrás de si. Ao virar-se Josival encontra a garota nua. O trabalhador ignora a beleza dela, atirando em seu estômago.

Na casa de Antônio as três mulheres ouvem o som do tiro, Letícia fica com raiva.

- Aquele idiota, pelo menos acabou, não sei quem era mas morreu.

Josival aproxima-se do corpo da mulher percebendo que este havia sumido. Um escravo surge atrás de Josival erguendo um facão, o invasor percebe desviando a tempo, ele atira contra a cabeça do escravo, em seguida no peito do espírito. Josival se vê cercado pelos espíritos de escravos, ele atira outras vezes nos espíritos, que seguem em sua direção erguendo o invasor, Josival é carregado até a sala principal onde estão os corpos de Alemão e Bola. 

Josival é acorrentado no chão diante da garota, está dá a ordem para os negros rasgarem a barriga do invasor, retirando suas entranhas, arrancando sua pele, destrocem os músculos de seus braços e pernas.


Letícia está preocupada com a sequência de tiros e a demora de Josival, ela tenta olhar pela janela, sabendo que as duas mulheres estavam quase mortas.

- Ouviu os tiros?

- Cale a boca.

- Eu disse eles estão mortos.

Letícia vai até Juliana acertando um tapa nela, puxando a garota pelos cabelos sem perceber o espírito de um escravo olhando pela janela. O som de uma corrente sendo arrastada chama a atenção de Letícia que empunha a arma, novamente um som parecido só que desta vez vindo do outro lado da casa, Letícia gira em torno de si, procurando sua origem. 

- Quem está aí?

Ela sente algo atrás de si, uma presença física estava de pé. Letícia sente medo, uma sensação diferente de tudo o que já sentira, a sensação de estar próxima da morte invade o peito de Letícia que ofegante gira por sobre os calcanhares deparando-se com o espírito de um escravo, Letícia tenta mirar mas a alma penada a desarma com um soco. 

Letícia é arremessada longe, outros negros surgem das sombras erguendo Letícia. Por fim é a garota nua que aproxima-se de Letícia, a beijando na boca a sensação de prazer é rapidamente substituída pela dor. O espírito da garota arranca a língua da invasora com uma dentada, enquanto os escravos matam a invasora sob o olhar da garota nua que devorava a língua de suas vítimas.

Maria abraça sua filha chorando, Juliana por sua vez assistia a morte daquela que a estuprou. A garota nua olha para Juliana, que percebe ela e sua mãe seriam as próximas.


Assim que o sol nasce os trabalhadores invadem o terreno. A casa de Antônio jazia deserta, dentro dela apenas os móveis quebrados e a comida estragada caída no chão. Zé Pilão Comanda o acampamento seguido por seus homens e suas famílias, não demora para que eles fiquem de frente para a senzala, sem perceber que a garota nua olhava para eles de uma janela.


FIM 


domingo, 10 de outubro de 2021

Carnal Capítulo Final

 


Helena acorda em sua cama, ela se levanta como se nada tivesse acontecido, de fato a garota não se lembra de nada. 

Ela toma café da manhã, já se acostumou com a ausência de kaho, que deve estar na casa de Ronald, em seguida abre um livro: “Uma Neurose do Século XVII Envolvendo o Demônio” de Sigmund Freud. 

De noite.

Helena se maquia na frente do espelho, tem o cuidado de colocar dois brincos e um belo batom. Ela se aproxima do espelho, lambendo sua imagem. Ao fundo, na porta pode-se ver o semblante de Asmodeus.

Tom está sentado na mesa do restaurante, um pouco ansioso, esperando por Helena, quando sente a ponta dos dedos dela passar por sua nuca.

Helena sorri, ses entando na frente dele.

- Você está muito bonita hoje.

- Obrigada, você também - seu olhar é de um predador.

- Você está um pouco diferente.

- Não gostou?

- Pelo contrário, estou fazendo força para me segurar.

Ela sorri.

- Então não se segure.

Ao final do jantar os dois caminham pelas ruas de londres, protegidos pelo fog, Helena segura Tom e o beija de forma ardente, jogando o rapaz na parede.

Tom envolve a cintura dela com as mãos, Helena morde o lábio do inglês, esfregando seu corpo contra o dele.

Ela ergue sua coxa direita, o trazendo para si, Tom segura com firmeza o musculo da perna dela o agarrando, a garota abre a braguilha da calça dele.

Sem pestanejar o rapaz a penetra, virando o corpo e a colocando contra a parede. Helena é prensada contra a parede.

Simas comanda mais uma missa negra, os cantos satânicos ecoam, Asmodeus observa Helena sendo violada por Tom, o rapaz está com os olhos completamente negros.

Nova cena, o ambiente completamente preto, sem espaço, com helena deitada no altar de pedra. o demônio, aproximando-se da garota. A cabeça do tourolambe sua vagina, a garota se contrai de prazer.

estamos no quarto de Tom

Tom deita Helena em sua cama, despindo seu vestido, ela se esfrega no lençol, possuída. O rapaz se deita sobre ela, entre suas pernas. 

O quarto fica negro, tomado pelo fog, atrás da cama a estátua de Asmodeus.

Tom coloca Helena de quatro, ele acaricia sua bunda e lambe sua vagina, a garota se deita, tomada pelo prazer, ele a penetra.

Helena segura com força as barras da cama, deitando sua cabeça entre as mãos, gemendo como nunca, enquanto Tom a força para frente.

Ela acorda assustada, sozinha, ela coloca seu vestido e um casaco social por cima, sem saber para onde ir.

Nas ruas de Londres percebe que as pessoas olham para ela, atormentada a moça não sabe para onde ir, ela esbarra em um homem: o rosto desse está derretido.

Ela se afasta, onde vê uma mulher com a boca costurada, segurando uma criança, essa sem a tampa da cabeça.

Uma lacraia gigante começa a sair pela cabeça da menina.

Helena grita, corre desnorteada, ela se depara com um demônio, semi nu, sentado em um trono, dois escravos sexuais (um homem e uma mulher) acorrentados, nús e excitados olham para ela.

A espanhola corre na outra direção, entrando em uma antiga construção de pedra, de onde provém cantos satânicos. A imagem do rosto de Asmodeus pode ser vista dentre as sombras.

Helena está perdida, angustiada, um touro e um carneiro estão parados no meio do salão, os dois olham para uma entrada, de onde saem cantos religiosos,  ela segue o som, descendo uma antiga escada de pedra.

Simas termina uma oração e olha para sua sobrinha, os demais sacerdotes se movem, deixando espaço para ela passar.

- Helena, querida.

- Tio… O que…

- Estávamos esperando por você. 

- Eu estou enlouquecendo.

- Não, minha querida, você está consumando seu destino.

Simas sai de trás do altar, abrindo seus braços para Helena, ao se mover ele revela a estátua de Asmodeus, ela  grita de terror e tenta fugir, mas os sacerdotes já taparam a saída.

- Não se atrevam a tocar nela!

- Tio…

- Revelem-se.

Os sacerdotes tiram seus véus, Helena reconhece várias pessoas, dentre eles Kaho, Tom e Ashley.

- O que é isso?

- Seu destino, seu presente, o nosso futuro - Ashley toma a frente - tudo isso é para você.

- O que tá acontecendo aqui - Helena grita e cai de joelhos gritando - HAAAAAAAAA!

Simas se agacha, abraçando sua sobrinha, a deitando no colo.

- Esse dia está programado desde que você nasceu, aliás você nasceu para esse dia.

- Eu não…

- Tudo bem, me deixe explicar, eu menti, nunca fui amigo do seu pai. Na verdade eu sou o servo de seu pai.

Simas olha para a estátua de Asmodeus.


Espanha, 25 anos atrás


A mesma seita se reúne, dessa vez em um campo aberto, a noite, longe de olhares curiosos, cada um segura uma vela nas mãos, menos uma bela mulher, escolhida a dedo e feliz por se dar em sacrifício.

Ela deixa o manto preto cair, se desnudando, caminha até um pilar, onde tem as mãos algemadas, seus pés são algemados em pedras, deixando suas pernas abertas.

seus olhos se iluminam quando uma criatura sai das trevas, Uma aranha gigante se aproxima da mulher, que sussurra: “meu senhor”.

Asmodeus toma sua forma mais conhecida, de uma quimera alada de três cabeças, apoiando suas patas na mulher a penetrando.

Após a cerimônia a mulher grita, sua barriga rompe, de dentro da carcaçaSimas retira a garota.

Helena - uma voz grutal é ouvida.


Presente.


Helena olha assustada para seu tio, seus lábios tremem, os olhos estão arregalados, a moça não consegue falar, Tomas toma a frente.

- Nosso senhor Amodeus, o “rei esquecido de Sodoma”, o ser homem mais impuro já nascido e um dos sete anjos do inferno, reinando apenas abaixo de Lúcifer.

- O grande deus BAAL, o deus sol é a junção dos príncipes do inferno: Beelzebub, Astarot, Asmodeus e Leviatã. Ele é seu pai e seu amante, Helena você é a pessoa mais preciosa do mundo e será a nossa rainha.

Helena se levanta, tentando atacar seu tio, que a agarra pelo pescoço, a jogando contra a parede, Helena olha assustada com a violência abusiva dele.

- Com quem você pensa que está falando? Agora você vai dormir, amanhã você vai lembrar disso como um sonho, quando estiver pronta para tomar seu lugar, como representante de Asmodeus na terra você terá seu filho.


A garota tenta se levantar, mas cambaleia assustada, ela desmaia.


Segunda-feira


A professora Ashley lecionava normalmente, apenas ela e Kaho sentiam falta de Helena.

- Em seu texto Uma Neurose do Século XVII, Freud analisou o manuscrito do pintor Christoph Haizmann, que descreveu um pacto forjado com o demônio. nesse documento o pintor força o demônio a ser seu pai por sete anos.   

Os alunos tomam nota.

- Esse texto é muito importante para linha de estudo que estamos seguindo - continua a professora - primeiro por ele ser um forte argumento a favor do delírio nas neuroses, funcionando para reedificar a realidade após uma ruptura ou abalo da repressão ou a vivencia de um relacionamento abusivo, para ficarmos numa questão do século XXI.

Helena está no quarto de Tom, se arrumando, seu olhar está distante, o rapaz se veste atrás dela.

No texto Christoph se depara com o insuportável, o ódio por seu pai, que maneve uma relação abusiva com o filho, o choque entre sua emoção e as normas da cultura reprimem essa sensação, desse embate surge a sensação de culpe, de indigno, ou um ser inferior, por isso ele se identifica com o demônio, alguém tão impuro quanto ele.

No quarto Tom abraça Helena, os dois se beijam.

- Tudo bem?

- Tive um sonho estranho, só isso.

Na sala de aula.

- Atormentado pela culpa e temendo por sua alma Christoph se refugia em um mosteiro, onde faz sua confissão.

- Professora - Kaho levanta a mão - numa situação dessa, alguém pode se desorganizar ante um ato muito violento e delirar.

- Sim, com algumas ressalvas, eo que seria violenta para essa pessoa? A realização de um desejo reprimido, de maneira a se sentir forçado a… mesmo sem ter havido alguém para forçar.

- Não entendi.

- Simplificando, aquilo que eu mais desejo é o que mais me amedronta, se aproximar do desejo é sempre perigoso e excitante, essa aproximação pode construir ou romper. Se quiser uma leitura dialética é necessário um rompimento para a reconstrução.

- E como fazer isso?

Fazemos isso no dia d dia, esse processo deixa marcas, na maioria das vezes não significam nado, em outras podem ser bastante violentas. É por isso que nossa profissão existe.

Simas está em seu apartamento, olhando pela janela, sua vista dá para o prédio onde Tom vive, ele vê Helena e Tom atravessando a rua, o homem acaricia uma pequena estátua de Asmodeus sobre sua mesa.


FIM

domingo, 3 de outubro de 2021

Carnal Capítulo 03

 


Helena sorri, sua expressão muda para a felicidade. É sábado de manhã, ela está entra no restaurante e abraça o sacerdote satânico, só que hoje ele está com seu melhor terno.

- Tio Simas.

- Helena, querida, obrigado por vir.

- O que está fazendo em Londres?

- Madrid estava muito chato.

- Os dois se sentam felizes.

- Olhe para você, virou uma bela mulher.

- São seus olhos - ela cora.

- Seus pais ficariam orgulhosos.

- Obrigada, por tudo.

- Seu pai foi meu melhor amigo, foi um prazer criar a filha dele.

Após o almoço, os dois caminhavam pela margem do tamisa, se aproximando da roda gigante que molda o horizonte londrino.

O telefone toca, Helena vê a mensagem de Tom e sorri.

- Alguém importante.

- Um rapaz que conheci na faculdade.

- Eu disse que você está se tornando uma bela mulher.

Os dois passam a frente de uma barraca de artigos esotéricos, Helena não se sente bem, o vendedor reflete a luz do sol nos seus olhos. Helena se sente tonta.

Londres gira ao seu redor, sua fotografia é queimada, Helena se ajoelha nua na frente de Kaho, atrás delas a estátua de Asmodeus.

Helena acorda em sua cama, estranhando como chegou lá ela se levanta com cuidado, ainda vestia a roupa do almoço, ao sair do quarto se depara com Simas e Kaho sentados na sala.

- Você está melhor - o tio se levanta.

- O que aconteceu?

- Um mal estar, nada para se preocupar.

- Seu tio disse que você passou mal e a trouxe pra cá. Esteve dormindo por uma hora.

- Uma hora?

- Você tem estudado muito, gata, nas últimas noites você tem estudado até tarde e levantado cedo.

- Tive um sonho estranho, não lembro de nada…

- Acontece quando se estuda Freud, muitos sonhos estranhos.

- Sua boba.

O tio se aproxima, beija Helena na testa e a olha com carinho.

- Vou deixar que descanse, agora estou em Londres, podemos nos ver quando quisermos.

- Estou muito feliz tio.

Ele se retira, deixando as garotas sozinhas, ao se perceber sozinho pega seu celular e liga para Tom Dursley.

- Ligue para ela em uma hora, a convide para sair no domingo.

Assim foi feito, naquela noite Kaho se prepara para sair. Dentro de seu quarto a moça se troca, dentro de seu armário, ela dobra o hábito negro e o coloca dentro da bolsa.

 A japonesa termina de passar o batom e vai para sala, onde Helena está sentada, assistindo Suspiria, de 1977.

- Dario Argento é muito conhecido no Japão.

- É um filme bastante estranho.

- Como você está?

- Muito bem… Tom ligou.

- E como vocês estão?

- Ele parece uma boa pessoa, contei o que aconteceu, ele me convidou para jantar amanhã.

- Helena roubando corações.

- Para com isso, é só…

- É só?

- Gosto dele, só isso.

- Durma bastante, amanhã você precisa estar descansada, pode ter que fazer muitos exercícios.

- Kaho!

- por que você está saindo com ele?

Antes de ter sua resposta a japonesa sai.

Helena termina de assistir o filme, ela imagina Kaho namorando Ronald: o rapaz a beija, descendo seus lábios pelo pescoço dela, aperta a bunda de kaho, que se reclina no sofá, num convite.

 Braços saem do sofá acariciando o corpo de helena, ela geme de prazer enquanto as mãos percorrem suas curvas, envolvem seus seios. Ela ergue a perna direita, permitindo a entrada de uma das mãos por sua saia, outra penetra sua camiseta a rasgando e massageando seus seios, ela se contorse chegando ao orgasmo.

Imagens do culto de Asmodeus.

Os satanistas deixam seus véus caírem, revelando seus corpos nús, a estátua do demônio ganha vida, mas não deixa de ser uma estátua. Seus olhos presenciam a orgia, as cabeças de animais se movem de maneira travada, um jorro de vapor sai de suas ventas.

Kaho é deitada por Simas, dois satanistas fazem um sanduiche com uma garota, um satanista faz sexo anal com outro homem, um casal de mulheres.

Kaho cavalga Simas, rebolando sobre sua pelves.

Ao fundo surge Helena, usando um vestido de noiva, sombras pretas nos olhos (formando um desenho pontiagudo), batom vermelho escuro, muito escuro, quase preto. Seu rosto oculto por um véu negro transparente.

O rosto delicado e inocente de Helena toma formas diabólicas, seus caninos se sobressaem.

Naquela noite Minerva volta para casa, levemente alcoolizada, ela passa por uma porta, com uma vidraça opaca, por detrás podemos ver a silhueta de Helena, recostada no vidro, acompanhando o cambalear da garota com os olhos.

Minerva tenta abrir a porta, mas sua chave cai, sorrindo ela tenta se abaixar, mas se desequilibra. 

Helena pega a chave e a coloca na fechadura, a garota está com uma camisa jeans, com um único botão tapando sua nudez e uma mini saia.

- Você é aquela menina estranha, o bicho de estimação da professora Ashley…

- Helena.

- Isso

- Ela cambaleia, Helena a segura, aproximando seus lábios da garota, que ri. As duas entram no apartamento. 

- Então é verdade, você mora sozinha.

- Ideal para trazer quem eu quiser.

Ela da as costas para Helena, fazendo um sinal com as mãos para a espanhola ir embora, Helena sorri como um predador, avança em Minerva, cravando seus dentes no pescoço da garota que tenta gritar.

Helena se deita sobre Minerva, saca uma faca e corta a lingua da garota, o sangue jorra pela sala, a espanhola avança mais uma vez, mordendo o olho da garota esnobe, que já não ´pode mais gritar.

Conclui no próximo capítulo