“As long as
you love me so/Let it snow, let snow, let it snow”
A tradicional música natalina ecoa pela
casa luxuosa de dois andares, uma foto de um casal (ele mais velho) decora a
parede.
Móveis cuidadosamente arrumados, a
janela da frente dá para um jardim, coberto de neve, flocos brancos caem em
harmonia, um boneco de neve se destaca. A construção infantil é particularmente
robusta, com quase dois metros de altura, dois olhos escavados na esfera
superior, com ameixas cravadas bem fundo e um nariz pontiagudo de cenoura dão
um aspecto inquietante.
O boneco possui outro diferencial, está
olhando para casa, geralmente esses bonecos são feitos olhando para a rua, mas
esse tem seu campo de visão voltado para a grande janela da frente, observando
o que acontece dentro da casa.
Dentro da residência Wanda termina de
se arrumar, ela fecha o zíper de um vestido vermelho, decotado. Um pouco sexy
demais para um natal em família, felizmente para ela aquele não seria um natal
em família.
A loira cantarola “Let snow, let it
snow”, se olha no grande espelho, ajeita o seu decote, analisando os fartos
seios e a cintura fina: “Todo o caminho da casa estará quente”.
Ela sorri de forma maliciosa, quando
ouve a campainha tocar, uma última olhada no espelho, que termina no vislumbre
de um porta retrato, de Wanda com seu marido na Itália, uma viagem especial e
divertida. Seu sorriso desaparece, ela o deita com a fotografia para baixo e
desce as escadas correndo, quando a campainha toca novamente.
Wanda chega à porta, olha pelo olho
mágico, seu sorriso desaparece, ao abrir a porta se depara com um homem de
uniforme.
- Boa noite.
- Boa noite madame e feliz natal. Sou
Nicolau, da companhia elétrica…
- Nicolau?
Ela não consegue esconder a expressão
de estranhamento, já o homem parecia estar acostumado.
- Eu nasci na noite de natal e meus
pais pensaram que seria uma boa homenagem, o que não funcionou. Além dos anos
de bullying, ganhava apenas um presente de natal e aniversário.
- Sinto muito.
- Obrigado, bom madame trago más
notícias, a nevasca causou avarias no sistema de fornecimento de eletricidade,
mas estamos trabalhando nisso.
- Teremos um natal a luz de velas?
- Espero que não, mas as luzes podem
piscar algumas vezes, então não se preocupe e use trancas manuais, além do
sistema de segurança habitual.
- Muito obrigada e feliz natal.
- Obrigado.
Nicolau já estava voltando para seu
carro, quando interrompe a caminhada, gira sobre os calcanhares e fala alto,
quase gritando, mas mantendo sua educação.
- Lindo boneco de neve.
- Como?
- Lindo boneco de neve.
- Obrigada, acho que as crianças da
vizinhança o fizeram.
Nicolau entra no carro e parte, Wanda
caminha pela calçada, sentindo os flocos de neve nos seus braços nus, ela olha
o boneco de neve com cuidado, algo a assusta nele.
- Pensei que as crianças dos vizinhos
estivessem viajando.
Ela olha em volta, de fato muitas casas
estavam com luzes apagadas, a excessão de um vizinho distante, nessa vizinhança
as casas são grandes, com belos e largos jardins, visitar a casa mais próxima
demanda uma pequena caminhada.
Por que as crianças do vizinho iriam
tão longe para fazer um boneco de neve? Sem resposta Wanda deixa sua sensação
de lado e entra na casa, onde estava quente, ela olha para o quadro pendurado
na parede, relembrando uma conversa de uma semana atrás volta a sua mente:
- Eu sinto muito querida, queria um
natal em família, mas os chineses não são ligados em Jesus.
- Não tem problema, sei que é seu
trabalho.
Ele beija sua esposa, que retribui com
os olhos abertos.
Sua memória é cortada com o som da
campainha, Wanda abre a porta, onde vê Brad.
O jovem e bonito Brad, o musculoso e
charmoso Brad, que a beija enquanto a envolve em seus braços, a girando contra
a parede, enquanto bate à porta com seu pé.
Os dois se beijam, com Wanda prensada
contra a parede, enquanto Brad aperta a cinturinha dela, Wanda acaricia os
cabelos dele, fazia tempo que não se sentia tão excitada, tão desejada,
recuperando fôlego ela fala.
- Boa tarde.
- Feliz natal.
A loira se desvencilha, afastando o
corpo sarado de seu amante, porém não consegue ir muito longe, Brad a envolve a
encoxando contra a parede, beijando seu pescoço, enquanto acaricia os enormes
seios dela, os dois se beijam, com Brad a jogando contra a parede, uma de suas
mãos adentra o decote, tirando o seio dela para fora, a outra adentra o
vestido.
- Calma… Eu me arrumei toda.
- E está deliciosa.
Ele a vira de novo, se ajoelha, leva
suas mãos para debaixo do vestido de Wanda, retirando sua calcinha devagar, ela
morde os lábios, excitada e ansiosa, Brad começa o sexo oral.
A loira estica os braços para cima,
tentando se segurar em alguma coisa, mas não encontra nada, suas pernas ficam
bambas, enquanto ele explora sua intimidade com a língua.
- Ai… quanto tempo…
Ele se afasta, se sentando no sofá,
Wanda retira a calcinha, anda até ele, abaixando a calça do rapaz e montando
sobre seu membro.
Ela cavalga com força, segurando o sofá
com firmeza, Brad abaixa de uma vez o vestido dela, olhando seus seios, “eu
sonhei com eles”, o rapaz acaricia chupando os belos seios da moça, que reclina
seu corpo para trás em um orgasmo.
Algum tempo depois ela deixa o corpo
cair para o lado, cansada. Os dois se olham e trocam um beijo apaixonado.
- Estava com saudade.
- HAHAHA eu percebi, também estava,
querido. Teve problemas?
- Não, avisei que estava sem voos para
essa semana.
As luzes se apagam, os dois olham
assustados em volta, Wanda levanta-se com alguma dificuldade e veste novamente o
vestido.
- Um homem da companhia elétrica veio
aqui mais cedo, ele disse que as luzes poderiam apagar, vou acender algumas
velas.
- Wanda - ele espera a loira olhar para
ele - você está linda. Adorei o vestido.
Ela sorri feliz e vai para a cozinha,
enquanto Brad veste sua calça. A bela cena de um casal apaixonado tinha um
espectador não autorizado, o boneco de neve está próximo a janela, imóvel, com
sua expressão neutra, uma boca ligeiramente aberta e olhos profundo, quase
imperceptíveis “assistiram” a cena de sexo.
Na sala de jantar Wanda acende algumas
velas, as colocando sobre a mesa, Brad observa feliz, quando um forte barulho
atrai a atenção dos dois.
- A porta - Brad corre até a porta da
frente, para o desespero de Wanda, que tenta correr atrás dele.
- Não!!!!!
- O que foi?
- Não saia!
Wanda alcança seu amante, ela agarra
seu braço e o coloca de lado, o ocultando da janela.
- E se alguém ver você?
- Desculpe.
Ela abre a porta da frente onde vê o
boneco de neve tombado, sua cabeça estava estatelada contra a porta da frente,
o restante do corpo igualmente caído, Wanda sai na calçada, olha para os dois
lados da rua, não vê nada, nenhum rastro ou ser vivo. Enfim entra na casa,
secretamente satisfeita por aquele boneco assustador ter se desmontado.
- O que aconteceu?
- O boneco de neve tombou,
provavelmente era muito grande,
Algumas horas passaram, o jantar se
tornou um amontoado de pratos sujos, a luz finalmente volta, iluminando a casa
e a rua, as luzes de natal iluminam o boneco de neve, reconstruído, parado a
frente da porta da cozinha.
O telefone de Wanda toca, ela atende.
- Oi querido.
Brad olha de soslaio.
- Tudo quieto, eu esquentei um pouco de
peru que encomendei.
Brad sorri de forma diabólica,
lentamente se aproxima de Wanda, que distraída com o telefone só o percebe,
quando suas mãos envolvem sua cintura.
- Não precisa se desculpar - ela tenta
afastar as mãos de Brad - eu apoio você, além disso o natal é só mais uma data
- Brad segura os seios dela sob o vestido, beijando seu pescoço - mais tarde
vou ver um filme, sim quando você voltar compensamos - Brad levanta o vestido
dela, encoxando a bunda nua de Wanda, que estremece - Não é nada. Deve ser
interferência por causa da neve - ela contém um gemido - te amo.
Ao desligar ela olha brava para seu
amante, que ignora, deitando a loira com força sobre a mesa, um barulho forte
ecoa na casa vazia, ela geme de prazer, quando sente seu vestido ser erguido
até a cintura, Brad a penetra, com força, Wanda geme.
Ele faz forte, com a fúria da paixão,
Wanda cerra seus dedos na mesa, seu corpo erguido sobre a madeira fria, Brad
improvisa um rabo de cavalo nela e puxa sua cabeça com violência, a mão é
arqueada para trás, enquanto geme de prazer, ela grita tendo orgasmos. A luz
cai mais uma vez.
- Vou tomar um banho quente.
Enquanto Wanda sobe as escadas, Brad
fecha o zíper da calça, ele começa a retirar a mesa, com intenção de lavar a
louça.
Ao entrar na cozinha Brad escorrega,
caindo no cão molhado. Ele olha em volta, sem descobrir de onde veio a água.
O rapaz tenta se equilibrar, percebendo
que a água vem da parte de baixo da porta trancada.
Atrás dele o boneco de neve toma forma,
os buracos de seus olhos estão ainda mais fundos, com dois pontos negros,
intensos e cruéis.
Brad sente algo estranho atrás de si,
tremendo o pior se vira, “WTF?” quando vislumbra o boneco de neve, ele dá um
passo cuidadoso até a construção infantil, estende seu braço direito até o
boneco, tocando a esfera do meio.
O rapaz vasculha sua mente em busca de
alguma explicação, quando constata que o boneco é gelado, feito de neve, suas
dúvidas se ampliam, logo tudo cessa, a única sensação é a dor lancinante.
A esfera do meio do boneco se abre em
uma boca com dentes de gele, fechando em torno da mão de Brad, decepando seu
braço com uma mordida.
Ele cai no cão gritando de dor, o
sangue jorra do que sobrou de seu braço, borrifando o chão e o boneco de neve,
que parece se mover.
Wanda desce as escadas assustada,
trajando apenas um roupão, suas fantasias mais sombrias não a prepararam para o
que vê: Brad caído, com o braço decepado, na altura do cotovelo, com sangue
jorrando para todos os lados.
A cena é chocante por definição, nada
se compara com o que Wanda vê a seguir, o boneco desenvolve braços, erguendo um
machado de gelo, com o qual começa a golpear Brad, que grita enquanto é
esquartejado.
O sangue respinga no Boneco de neve,
que abre sua boca, sorvendo o líquido escarlate, Brad grita em desespero, Wanda
sobe as escadas correndo, tropeçando, em choque e desespero, ela se tranca no
quarto, sem conseguir pensar. Algo faz seu coração parar, os gritos de Brad
cessam.
- Meus Deus… - ela começa a chorar, com
o corpo contra a pesada porta de madeira, Wanda tranca a porta - o que eu faço?
Ela escuta um som familiar, seu celular
tocando, o som vem de longe, do andar de baixo da casa, mais especificamente da
mesa de jantar, onde acabara de ter o melhor orgasmo de sua vida com Brad.
Wanda é retirada de seus devaneios, com
uma sensação familiar e desagradável de água fria. Ela olha para baixo, onde vê
um “rio” de água fria escorrendo para dentro de seu quarto.
Seus olhos demonstram o horror e
incredulidade ao ver o boneco de neve se formar a frente dela, o ser parece sorrir,
uma boca repleta de dentes de gelo se fazem.
A loira se desesperar tentando abrir a
porta que trancara, um dardo de gelo atravessa a parede, Wanda abre a porta,
fugindo pelo corredor, uma segunda lança de gelo atinge a parede.
Wanda rola escadas abaixo, machucando
seu pé, ela manca até a mesa de jantar, onde alcança seu celular.
- 190
- Socorro! Ele matou Brad, está
descendo as escadas.
- Por favor se acalme.
- AHHHH! Ele está olhando pra mim, no
andar de cima, está me vendo, não consigo andar.
As sirenes do carro de polícia são ouvidas a distância, uma viatura faz
a curva derrapando, de dentro da viatura os dois policiais veem Wanda se jogar
pela porta da casa, se arrastando na neve, só de roupão.
A viatura estaciona e os dois policiais saltam da viatura, um deles
abraça a loira, que balbucia palavras indecifráveis, o segundo saca sua arma,
entrando na casa.
- Ele matou Brad
O policial a ajuda a se levantar, a
sentando na viatura, quando os dois ouvem tiros, seguidos por um grito de dor.
Wanda grita, tentando se soltar, mas o
policial a fecha dentro do carro e entra na casa, o agente da lei paralisa de
medo, quando vê seu parceiro sendo devorado por um boneco de neve, suas pernas
haviam desaparecido, o sangue escorre pelo chão, da cintura para cima seu rosto
preserva uma expressão de horror.
O barulho de ossos sendo moídos.
O cadáver do policial é devorado pelo
boneco de neve, que arremessa uma lança de gelo, que atravessa a cabeça do
policial.
De dentro do carro Wanda assiste a cena
e grita de terror, o boneco de neve desliza sobre a água gelada, ao atingir a
calçada coberta por neve esse se ergue, uma lança de gelo atravessa o carro,
saindo do chão.
Wanda abre a porta, se joga no chão e
tenta correr, o boneco apenas assiste a cena, prestando atenção no
comportamento de sua vítima.
Wanda cambaleia ao ver uma casa se
acender, a energia voltou, ela aumenta o passo, um sorriso de esperança surge,
a porta está próxima, quando uma forte dor a interrompe.
a neve sob seu pé bom se transforma em
um grilhão com setas pontiagudas atravessando seu pé.
Wanda cai no chão, sentindo a neve sob
ser corpo parecer viva, ela é levada até o boneco de neve, que abre sua boca,
desenvolvendo dentes pontiagudos e serrilhados, ela grita, mas ninguém ouve.
Dentro da casa onde Wanda buscava ajuda
um garoto está empalado por um tronco de gelo, seus pais dilacerados, a árvore
de natal coberta por sangue, os gritos de Wanda mudam, ficam desesperados,
agudos, finalmente ela se silencia.
FIM
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