Início
Não se pode saber quando essas coisas
começam, em geral em um dia como outro qualquer, onde um evento aparentemente
sem importância desencadeia outros. É o que está para acontecer na capital
japonesa. Em pouco tempo Tóquio vai mudar de forma drástica e irremediável.
Nossa história (ou a parte que nos
interessa) começa dentro do apartamento de Yume uma bela professora, que reluta
em acordar para mais um dia de aula.
As oito horas da manhã sua televisão é
ligada de forma automática, em volume alto, o suficiente para fazê-la sair da
cama. Resmungando coloca sua bela perna nua para fora, erguendo o corpo coberto
por uma camisola e o cobertor.
- Já acordei! Já acordei!
Enquanto levanta ensonada Yume não
percebe a mudança na programação. Um alegre programa despretensioso dá lugar ao
jornalismo de última hora. Na tela uma repórter em um porto a frente de um
contêiner:
- Na madrugada de ontem para hoje o
conteúdo do Kami Sama, fragata da segunda guerra foi resgatada, dentro lede
encontrado o que parece ser resquícios de uma civilização antiga. O conteúdo
foi embalado e levado ao museu de Tóquio.
A imagem retorna para um estúdio, onde
dois repórteres discutem o assunto com um especialista.
- Por que essa notícia é tão
importante?
- As primeiras imagens analisadas não
se parecem com nada conhecido pelo homem, podemos estar diante de uma nova
civilização e o Japão está a frente dessa descoberta. É um grande dia para a
arqueologia japonesa.
- Sobre as imagens o senhor se refere
ao monolito com hieróglifos.
Uma fotografia aquática de uma pedra
negra gravada com uma estranha linguagem em desenho ocupa a tela ao invés de
letras ou caracteres se via desenhos de peixes, seres marinhos desconhecidos e
criaturas híbridas.
- Professor, como esse monolito foi parar dentro
do Kami Sama?
- Esse é outro mistério.
Yume encontra-se trocada, pronta para
sair, com o controle remoto na mão quando paralisa diante do televisor,
contemplando o monolito. A expressão de seu rosto muda do neutro para o
excitado, enquanto contempla a imensa pedra negra.
Museu de Tóquio, algumas horas
depois.
Carregadores entregam algumas caixas
contendo a descoberta. O professor Gendo, diretor da área de arqueologia,
orienta a colocação do material.
Junto a ele a jovem doutora Honoka
acompanha o transporte das caixas para o interior do museu, onde os visitantes
não têm acesso e as caixas são examinadas.
- Tem certeza que não existem
componentes de metal na caixa?
- Certeza absoluta! Aparentemente são
só pedras.
Honoka suspira ao ouvir o “aparentemente”
e dá ordem para ligarem a máquina de ressonância magnética, sua assistente e
amiga Akeno acompanha o surgimento da imagem de dentro do caixote, uma enorme
pedra.
- Consegue identificar o tipo de pedra
Akeno?
- Isso é estranho, muito estranho.
- O que?
- Aqui - ela mostra para Honoka a
análise do computador - temos essencialmente dois materiais diferentes, o
monolito e o barro seco em volta dele. O primeiro vou ter que analisar com mais
cuidado, já o barro posso garantir vem do fundo do oceano.
- Faz sentido, foi encontrado em um
navio afundado.
- Não exatamente. O barro encontra-se
no fundo do oceano, literalmente falando na parte mais profunda deste, se o
navio tivesse afundado ali, nunca o teríamos resgatado.
Honoka sorri para sua assistente.
- É para isso que estamos aqui Akeno,
se fosse fácil qualquer um o faria.
A jovem especialista vira-se e caminha
até o diretor que observa o engradado com a descoberta dentro dela.
- Então doutora?
- Vai demorar para colocarmos em
exibição.
- Entendo o que diz, mas gostaria de
lembrá-la que a descoberta é excitante e sua datação é a melhor parte do
trabalho.
Os dois riem juntos, então ele continua
com seriedade.
- Infelizmente o que sustenta o museu
não são as descobertas e sim as exposições abertas à visitação.
- Entendo senhor.
- Ótimo, agora vamos abrir essa
caixa.
Imediatamente os funcionários armam-se
de ferramentas e abrem a caixa de madeira, sem muito esforço, mas com bastante
cuidado retiram a tampa e revelam o monolito negro.
Gendo e Honoka tomam a frente,
observando o conteúdo da caixa, Akeno observa detrás de sua mesa, os demais
trabalhadores também contemplam o monolito, todos fascinados. Por alguns
segundos ficam ausentes de si mesmos, encantados pela pedra negra.
Haviam mais dois contêineres lacrados.
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