domingo, 7 de novembro de 2021

Observada pela morte - Caítulo 01


Ele observa a faca, fascinado por seu brilho. 

Vários homens puxam suas facas, com o corte reluzindo a luz artificial.

Rebeca sai do banho enrolada em uma toalha.

Daniele sai do banho enrolada em uma toalha.

As garotas, cada uma delas em sua casa, sem consciência uma da outra, olham para a roupa sobre a cama, um conjunto idêntico.

Os homens espalham seus utensílios cortantes sobre uma mesa de inox. Um deles abre o freezer, retirando um pedaço de carne.

Rebeca e Daniele estão de calcinha, cada uma em seu respectivo quarto. Elas se abaixam, pegando o sutiã sobre a cama, o vestindo. Na sequência a cinta liga.

Daniele apoia o pé na cama, alisando a meia sobre a perna, tendo certeza de que a mesma está colada à pele.

Rebeca prende a borda da meia ao elástico, a deixando esticada.

Vários homens de dolmã branco e calça preta, enfileirados, cada um ergue uma tigela de inox, jogando para cima uma salada, que se misturada no ar.

O fogo acende, iluminando uma figura ao fundo, de roupa preta, esse oculta uma faca em um bolso interno do paletó.

As garotas vestem uma mini-saia preta, com blusinha branca. Daniele escolhe um batom suave, que combina com seus cabelos ruivos e olhos azuis. Rebeca gira o batom vermelho sangue, fascinada com a cor.

Um dos homens na cozinha corta uma peça de carne, deixando o sangue escorrer.

Do lado de fora da cozinha um grande salão, onde banners estão expostos, funcionários carregam obras de arte em tela. O rosto de Vincent, como o grande artista está em destaque nas publicações.

Já, o verdadeiro Vincent se encontra no bar, com seu segundo copo de whisky na mão. Mako se aproxima irritada.

- Francamente, é tão difícil assim ficar feliz?

- Eu sou um artista, tenho que parecer melancólico. Faz parte do charme.

- Melancólico sim, bêbado não.

- Estou bem, afinal é só mais uma apresentação.

Ele se levanta, caminha pelo salão, curiosos e pessoas da staff abrem espaço, Mako corre atrás dele.

- Essa é a ordem da noite: você fica a frente do "fragmento da noite"...

- "Noite em fragmentos".

- "Noite em fragmentos", fala alguma coisa, enquanto as modelos ficam ao lado dos outros quadros.

- Isso sim vale a pena ver.

- Ao final o jantar. Tudo pago pelos seus patrocinadores, então faça direito, são eles que te bancam.

- Não! É a minha arte que me banca.

Os dois passa a frente de uma modelo, vestida de blusa branca, mini-saia preta, cinta-liga preta/transparente e salto alto.

Dois táxis encostam no local da exposição, um em cada entrada. Daniele e Rebeca chegam atrasadas, elas correm para dentro do grande salão.

Uma delas é observada a distância.

Vincent está a frente de um quadro enorme, com uma cena noturna: a lua sobre uma árvore e um lago. tons de vermelho se destacam, com linhas brancas irregulares, retalhando sua obra.

- Muito obrigado por comparecerem, nada como uma bela noite, para nos inspirar. Para trazer a tona nosso lado mais sombrio. Assustador ou belo? Nietzsche dizia: "devemos fazer o bem e o mau as pessoas, mas por que fazer o bem a quem nos faz o bem e o  mau a quem nos faz o mau?"...

Daniele estava em seu ponto, ao lado de um quadro esverdeado e um vaso decorativo, ela vira a cabeça de lado, tentando entender “artistas”.

Rebeca abre um espelho de maquiagem, para ter certeza de seu visual, quando o reflexo revela alguém conhecido, ela vira-se animada, seu sorriso se transforma em um grito.

O homem tapa a boca de Rebeca, a esfaqueando. A modelo agarra a lapela do assassino, arrancando um pin. O assassino enfia lentamente a faca da barriga da moça. Sua blusa branca é tingida pelo sangue rubro.

Ele a esfaqueia mais uma vez, apertando a boca de Rebeca, suas lágrimas mancham a maquiagem, ele gira a faca, fazendo um rasgo. Por fim ergue seu braço, desferindo com força a última punhalada, em seu coração.

Porém as coisas não saem como ele gostaria, Rebeca cambaleia para trás, esbarrando no quadro, ao qual deveria ficar do lado, o alarme soa, o assassino se esconde, as pessoas olham para Rebeca morta, os gritos começam, seguidos pela correria desenfreada.

Daniela corre até uma saída, ela é atropelada pela multidão, passa por um quadro "Faces da morte", onde rostos torturados nascem dentro dos botões das flores. Um grito chama sua atenção, a moça olha para o lado e sente alguém esbarrando nela. Ao olhar novamente algo estava diferente no quadro.

Uma terceira modelo grita, apontando para Daniele. Sua blusa estava manchada de sangue, não o dela, mas o sangue de Rebeca. O sangue que ficou impregnado no assassino.

Minutos se passaram, Vincent entra correndo no salão deserto, parando ao lado do corpo de Rebeca, algo chama sua atenção. O artista se agacha, recolhendo o pin do assassino e guardando no bolso, quando um grito o interrompe.

- Se afaste do corpo.

- Desculpe detetive.

- Sabia que a mínima interferência pode fazer uma prova ser inadmissível?

- Desculpe, não era minha intenção.

- Então?

- Então? 

- O que achou?

- Um desperdício, ela era linda.

- Sai daqui.

Vincent se afasta do policial, guardando o pin no bolso, na saída do salão, seu olhar é atraído para Daniele, sentada em uma ambulância dando sua versão para a polícia.

Seus olhares se cruzam, vincent grava o rosto da ruiva.       


Dia Seguinte


Daniele está acordando, enrolando na cama quando a campainha toca, mais de uma vez, ela decide deixar, quem quer que seja do lado de fora.

A ruiva esconde sua cabeça entre travesseiros, quando seu celular toca, ela também ignora.

Ela respira profundamente, uma mensagem de texto chega.

Intrigada ela pega o aparelho e lê o texto:

“Bom dia, ou seria boa tarde, meu nome é Vincent, sou o artista responsável pelas pinturas da exposição de ontem a noite. Sinto pelo que aconteceu mas tenho uma proposta para você. Estou do lado de fora do seu apartamento”.

Daniele se levanta assustada, apenas de regata e calcinha, ela veste um roupão e abre uma fresta da porta (ainda fechada por um trinco de corrente).

Imaginei que você não vestiria uma roupa para me encontrar.

Como descobriu meu celular.

Quer a versão longa ou curta?

Curta.

Sou rico

A moça bate a porta na cara dele e se prepara para voltar para cama, mas Vincent bate na porta, gritando do lado de fora.

Tenho uma proposta.

Não estou interessada!

Após alguns segundos de silêncio, ele volta a gritar

Não é o que você disse para minha namorada, antes de dormir com ela!

O que?

Sei que ela está ai? Você destruiu meu lar!

Daniele volta correndo até a porta e a abre.

O que você está fazendo?

Me deixe entrar, ou contínuo.

Irritado ela abre a porta deixando o artista entrar, esse se acomoda em uma poltrona, Daniele olha contrariada para ele.

Então?

Quer descobrir a identidade do assassino?

Fora!

Você o viu.

Já disse para a polícia, que ele esbarrou em mim, eu não o vi.

Isso não é verdade, você só não sabe que o viu.

Você é louco!

Sou artista, é a mesma coisa.

Vá embora, por que não pode deixar isso em paz.

Porque não sabemos quem ele é, porque matou aquela garota. Outras correm perigo. Você corre perigo.

Foi um caso isolado.

Não conte com isso - sua expressão muda de leve para penetrante, Daniele sente um medo incompreensível.

Por que?

Ele a esfaqueou em público, várias vezes. Não foi isolado, não foi ao acaso e não foi pessoal. Foi por prazer.

Não entendi.

Por que se arriscar tanto? A única resposta que encontro é para gozar como um louco.

Mesmo assim, por que não chamar a polícia?

Qual seria a graça?

Vá embora!

Venha comigo, não posso fazer sem você.

Olhe Vincent…

Por favor, sei que você está juntando dinheiro para seus pais.

Como sabe?

Sou rico.

Você é o verdadeiro psicopata aqui.

Nunca disse que não era, agora preste atenção. Eu pago um milhão de dólares. Venha comigo. Conversamos um pouco e mais nada. 

Continua.

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