segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Carnal Capítulo 01

 


É um dia típico em Londres, o Fog está denso, a iluminação pública é responsável pela visibilidade do horizonte, o Big Ban e o parlamento se impõe imponentes, rasgando a neblina. 

É nesse cenário que encontramos Helena, nossa protagonista, bela mas tímida estudante universitária: cabelos curtos, no estilo joãozinho, e um casaco longo e bege (um pouco desbotado) tentativas inconscientes de esconder sua feminilidade.

Helena caminha apressada para a universidade, em seu caminho três homens andam conversando, Helena inclina seu corpo a direção oposta, escondendo o rosto nos livros que carrega, mais um movimento inconsciente.

Helena finalmente chega na sala de aula, um pouco atrasada, senta-se ao lado de sua colega de quarto, outra estrangeira, a japonesa Kaho, que sorri de forma simpática.

A professora Ashley, percebe que Helena chegou atrasada, mas ignora, dando continuidade a sua aula:

- Acreditava-se que a histeria era oriunda de um trauma, aprofundando em seus estudos Freud criou a teoria da sedução, suas pacientes teriam sido seduzidas e violentadas por alguém em quem confiavam, para lidar com o trauma essas crianças teriam esquecido sua lembrança traumática, que não desapareceram, mas retornariam como sintoma.

O sinal do fim da aula tocou, Ahley dá seu último aviso: “quero um trabalho explicando o motivo de Freud ter abandonado a teoria da sedução.

Helena levanta-se depressa, querendo sair, mas Ashley aproxima-se dela.

- Desculpe professora.

- Eu sei que você não gosta de psicanálise, mas é uma matéria importante.

- Eu não concordo com essa importãncia toda que Freud dá para a sexualidade, é só uma parte da vida.

Duas garota que ouvem o comentário passam rindo, Helena tenta ignorar.

- Tudo bem?

- Tudo professora, estou acostumada.

- Se você precisar conversar.

- Obrigada… preciso ir… 

Helena estava saindo da sala quando para e se volta para Ashley, que parecia analisar a linguagem corporal de sua aluna.

- Professora.

- Sim.

- Admiro muito a senhora.

- Sou onze anos mais velha do que você, nada de senhora.

- Desculpe.

- Não se desculpe.

- Obrigada

- Pelo que?

- Desculpe.

Helena sai da sala apressada e envergonhada, sem entender porque fez o que fez, ela esbarra em um rapaz e passa reto.

Tom não entendeu o que aconteceu, ele olha para o chão, onde vê um livro de psicologia, na primeira página lê: Helena Casillas, seguido do endereço.

Helena entra no bar e restaurante mais próximo da faculdade (na verdade é o mais barato), Kaho se encontra sozinha em uma mesa, ela acena para sua amiga.

Em outra mesa Minerva, uma colega de classe menos tímida, declamava a plenos pulmões, para quem quisesse ouvir:

- Repressão sexual é coisa do século XX!

Helena se senta na frente de Kaho, encarando sua amiga, que brinca:

- Acho que Freud chamaria Minerva de histérica.

- As duas dão risada, mas Helena fica séria.

- Onde você estava?

- Lembra daquele carinha que eu vinha conversando?

- Ronald? O Irlandês?

- Então…

- Vocês…

- Não me olhe assim, estava muito a fim dele.

- Desculpe.

- Não foi nada.

- Não Kaho, desculpe. Como foi?

- Ele foi um fofo, se esforçou bastante para me deixar a vontade.

- O que?

Kaho começa a rir, o que aumenta a confusão de sua amiga.

- Ele foi muito educado e atencioso, descobriu minha comida preferida e ne levou para jantar, depois um passei no parque. Ele se esforçou tanto qu achei que valia a pena.

- Foi só pelo esforço?

- Tá bom, ele é muito gostoso. Fizemos a noite toda, estou toda dolorida. Hoje a noite vamos sair de novo, portanto coloque o despertador, não vou estar lá para te acordar.

- Divirta-se.

Helena abre o cardápio, subitamente ela se percebe faminta.

- Com fome?

- Bastante - diz Helena sem retirar os olhos do cardápio.

-0 Quem come muito quer ser comida.

- O QUE...!?

- Acho que é isso que chamam de análise selvagem.

- Sabe Kaho, Freud falava muito de sexo porque fazia pouco.

- Essa é uma teoria bastante popular.

Ao final do dia as duas amigas voltam para o dormitório, na verdade é prédio antigo, com apartamentos baratos, onde duas ou mais alunos alugam. Fica relativamente perto do centro de Londres e da universidade.

As garotas param de conversar e diminuem o passo, o motivo é tom, parado ao lado da porta do dormitório, o rapaz olha para elas e sorri, se aproximando.

As meninas ficam receosas, não é todo o dia que um estranho as espera na frente de sua casa.

- Estive te procurando - ele olha para helena - você deixou isso cair.

Ele entrega o livro de psicologia para a garota, que fica surpresa.

- Obrigada.

- Sou Tom Dursley, a professora Ashley é minha professora de mestrado.

- Sou Kaho, essa é Helena, estamos no terceiro ano.

- Helena, a mulher cuja beleza provocou uma guerra.

- Kaho entende e se afasta, deixando os dois a sós.

Helena olha assustada para sua amiga, em seguida para tom, ficando chocada.

- Meu pai gosta de mitologia.

- Gostaria de tomar um café ou…

- Desculpe, mas está tarde, tenho que fazer um trabalho e amanhã tenho aula.

- Pode ser no final de semana.

- Desculpe… pode ser.

- Sábado?

- Não sei… melhor não, desculpe.

Ela entra em seu apartamento, encarando sua amiga irritada.

- “Melhor não”?

- Me deixa.

- Ele atravessou a cidade só para devolver o seu livro, o que custa tomar um café? Só para agradecer.

- Não sou obrigada.

- Não, ele esperou porque quis, você não tem nada a ver com isso. Só responda uma coisa: quando foi a última vez que um gatinho te convidou para sair?

- Eu vim para Londres estudar, gata. É isso que vou fazer.

De fato ela estudou, Helena passou a noite escrevendo o trabalho da matéria que mais detesta, de sua professora preferida.

“(...) Freud começou a desconfiar de suas pacientes, todas relatando abusos sexuais de seus pais, questionando suas percepções ele questionou uma jovem sobre o ocorrido…”

Helena reflete no que iria escrever: “Eu disse o que você queria ouvir, dr. Freud”.

Helena segue escrevendo seu trabalho, Tom caminha pela margem do tamisa, tentando tirar aquela garota estranha de sua cabeça, Kaho beija Ronald.

Continua.

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