domingo, 26 de setembro de 2021

Carnal Capítulo 02

 


O dia estava um pouco melhor, o que significa dizer chuvoso, mas menos frio, o fog se dissipou. Helena arriscou uma saia, coberta pelo casaco, ela entrega seu trabalho para Ashley que espera seus alunos se sentarem.

Helena procura Kaho pela sala, mas sua colega ainda não chegou, a espanhola sorri e volta sua atenção para a professora.

- Supondo que todos fizeram sua pesquisa podemos partir para a teoria da repressão...

A professora é interrompida por Minerva de braço levantado.

- Pois não?

- Desculpe professora, mas por que estamos estudando isso? Não faz sentido estudar repressão sexual no século XXI.

Alguns alunos concordam, outros discordam.

Nesse momento Tom Dursley entra na sala, se sentando na última fileira.

- Para evitar confusões como essas, a repressão é uma lógica e não um acontecimento. A repressão força e viola a pessoa contra sua vontade, podendo inibir uma sexualidade ou forçar a mesma.

Os alunos se entreolham, Tom dá uma risada solitária.

- Na Viena do final do século XIX o orgasmo era destinado aos homens e prostitutas, a proibição do desejo sexual funciona como repressão. O que encontramos no século XXI é o movimento contrário, mas violento da mesma forma, são pessoas se sentindo obrigadas por uma cultura a extrapolarem seus limites. Ser obrigado a ter uma vida sexual, sem o querer ou não estar pronto é tão violento como querer ter uma vida sexual e não poder.

Ao final da aula Ashley se aproxima de Tom, que lhe entrega um trabalho, os dois combinam um horário.

Helena acaba prestando atenção, mesmo sem querer, ela procura por Kaho, mas é em vão, sua amiga deve estar se divertindo.

Ela decide ir almoçar sozinha, no corrdor ela escuta passos apressados, era Tom que a alcança.

- Quero pedir desculpas por ontem.

- Tudo bem, você não fez nada.

- Existe alguém na sua vida?

- Não…

- Os dois caminham em silêncio.

- Você é aluno da professora?

- Sim, comecei na faculdade no mesmo ano que ela foi contratada. Ela é um prodígio.

- Gosto muito dela, mas não da matéria.

- Problemas com Freud?

- Não quero ser grossa, mas existe muito mais do que sexo na vida.

- Fico feliz com isso, você já viu a cara de tédio de um Bonobo?

- Um o que?

- Bonobos são nossos parentes mais próximos, ele é basicamente um chimpanzé mais manso, que passa a maior parte do dia fazendo sexo uns com os outros, eles fazem tanto que perde o sentido.

- Tá...

Os dois seguem em silêncio, Helena para a frente do bar e restaurante, Tom ainda estava ao seu lado.

- Você almoça aqui?

- Ainda não sei Helena, almoça comigo?

- Só um almoço?

- Prometo, se você pedir eu vou embora.

- Tudo bem.

Os dois se aproximam de uma mesa afastada, helena retira seu casaco, revelando as belas pernas cobertas pela meia calça e a mini saia jovial, já Tom é o típico inglês, ao retirar o casaco revela camisa e colete social (azul) com gravata vermelha.

- Obrigada pelo livro.

- Foi um prazer.

- Você poderia ter entregue para a professora.

- Sim, eu poderia.

- Por que não o fez?

- Você sabe.

- Você não me conhece.

- Por isso mesmo, te convidei para um café, queria te conhecer.

- Você convida muitas alunas?

- Só quando fico curioso.

- Curioso?

- Você é linda Helena.

A moça fica sem reação.

- Pensei que os ingleses fossem mais recatados.

- E eu pensei que as espanholas fossem mais atiradas.

Os dois dão risada.

- Por que não minerva - ela aponta para a colega de classe que almoçava com suas colegas - ela é muito bonita.

- Ela é muito bonita, mas não chama minha atenção.

- Por que eu?

- Porque você parece com minha mãe.

Helena olha assustada, Tom age normalmente, ela tenta dizer alguma coisa e ele começa a rir. A moça percebe a piada e ri junto.

Ela estica a mão para pegar o cardápio, tom estica a sua, acariciando os dedos da moça, que sorri feliz.

O sol ameaça se por em Londres, Tom, como um legítimo cavalheiro inglês, a acompanha até sua casa. os dois param a frente do prédio que ela mora.

- Muito obrigada...

Antes que possa terminar de falar Tom rouba um beijo. Os dois se olham, Helena beija novamente, seus lábios se encontram com desejo, Tom é empurrado para perto da parede, Helena encosta seu corpo nele, que abraça sua cintura.

A garota sorri lasciva, acaricia os lábios de tom, descendo suas unhas pelo peito, se despede e entra no prédio.

Ela não percebe uma figura sinistra observando a cena do outro lado da rua.

Naquela noite um grupo de pessoas encapuzadas entram em uma antiga construção de pedra, eles caminham em fila indiana para o subsolo, com um altar no centro.

O altar é muito antigo e feito de pedra, coberto com um manto vermelho.O Sacerdote se destaca por seu hábito branco (os demais usam hábitos negros, com capuz), ele revela seu rosto.

O sacerdote acende as duas velas (uma em cada canto do altar) de forma lenta e cerimonial, o mesmo ergue uma foto de Helena, ele aproxima uma das bordas da chama da vela, que começa a se incendiar.

Ele repousa a fotografia em receptáculo de porcelana, ergue as mãos para o alto, espalmadas para si, e inicia um canto satânico.

Atrás deles se encontra a estátua de Asmodeus, o demônio da Luxúria: uma quimera com de pé de pato e três cabeças : na frente um humanoide, na direita um boi, na esquerda um carneiro, com asas e corpo de dragão.

Helena acorda angustiada, com a camisola colada ao corpo pelo suor. A moça se levanta, buscando um pouco de água, ela estranha a porta do quarto de Kaho se fechar conforme ela atravessa o apartamento, se sentindo observada.

Continua.


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