As luzes brilham, uma música alegre
toma o ambiente, uma bela árvore de natal colorida é enquadrada, Leleca está
saltitando, ao lado de paçoca, sua amiga menor, as duas brincam com um boneco
animatrônico, Leleca fala.
- Sabe o que dia é hoje?
- Sim! É natal - Paçoca dá as mãos para
o boneco e começa a brincar com ele - Dia de ligar a árvore.
- Isso mesmo - Leleca olha para a
câmera sorrido - Vocês estão convidados amiguinhos, hoje a meia noite vamos
ligar a árvore de natal, ao vivo.
- Corta - uma voz irrompe o programa,
as luzes se acendem e as atrizes param - Muito bom.
Anabel (Leleca) de 30 anos e Kate
(Paçoca) de 18 anos saem das personagens, o animatrônico se senta, desligado.
Ash, o diretor se levanta desanimado,
dando tapinhas no ombro de Fred, o operador de câmera.
Erin a produtora assiste olha seu
relógio 22h30m, em seguida chama a atenção dos presentes:
- Ânimo gente, as projeções indicam que
teremos a maior audiência do nosso programa.
- Que ótimo - Anabel olha frustrada -
Foi pra isso que vim para Hollywood, dançar com um bonecão idiota na frente de
uma árvore de natal.
- Você tem problemas? Tenho 18 anos e
ainda estou em um programa infantil! Você sabe o que acontece com estrelas
infantis?
- Não é pra tanto - o diretor interfere
- você tem milhares de seguidores…
- Grande merda! Não quero ficar sendo
chamada para filmes de terror vagabundos ou comédias infantis.
- Experimente chegar aos trinta, com
seu grande papel como uma irmã mais velha, que cuida de uma menina e seu amigo
imaginário.
Anabel chuta o boneco, o que irrita
Pedro, o operador do boneco, Erin interfere.
- Não me interessa nada disso, estão
todos sendo pagos, muito bem pagos aliás, a meia noite em ponto vamos ligar
aquela câmera, ligar a árvore de natal e celebrar nossos anunciantes.
Ela dá as costas e vai para seu
escritório, Pedro volta para seus afazeres, as estrelas do show vão para seus
camarins.
F- Ei chefe - fred chama a atenção de
Ash, o diretor - vou fumar do lado de fora, detesto ambientes fechados.
- Esteja aqui vinte para meia noite.
- Pode deixar.
Todos abandonam o cenário, as luzes
principais se apagam, no topo da árvore um belo anjo, descendo pela magnânima
verde, repleta de galhos, chegamos a sua base, onde um urso de pelúcia, um
boneco quebra nozes e uma caixa musical, com manivela se destacam, essa começa
a se mover, ressoando música infantil.
O boneco animatrônico sorridente se
senta.
Anabel está em seu camarim, frustrada
ela olha para o espelho, não é um espelho qualquer, é um espelho dividido em
três partes, que revela todos os detalhes de sua pele, ela se olha fixamente,
mais preocupada do que encantada.
A concentração da moça se quebra com
batidas na porta, Anabel as ignora e segue se olhando, onde pode ver a porta se
abrindo e Ash entrando no camarim dela.
- Agora não.
Ele fecha a porta e senta-se atrás da
atriz, a observando.
- Eu disse…
- Eu ouvi, também ouvi o que você disse
no SET, então, o que está acontecendo?
- Nada!
- Nada não te deixa tão para baixo.
- Estou ficando velha.
- Isso é ridículo…
- Sim, é ridículo se pensarmos em
termos normais, uma pessoa de trinta anos está começando sua vida, mas uma
atriz. estou parada aqui nesse show infantil, quando for muito velha vão se
livrar de mim. E depois, para onde vou?
- Você vem comigo.
- Para outro show?
- Desculpe se não sou bom o suficiente.
- Não é isso, olha… desculpe, eu só…
não sei.
- Tudo bem.
Ash caminha até Anabel, que se deixa
abraçar por ele, repousa sua cabeça no peito do diretor, em seguida o beija.
Do lado de fora do camarim o
animatrônico observa a cena pelo buraco da fechadura, seu olho se move, ajustando
o ângulo, em outra sala Pedro assiste a cena em uma tela, captada pelo olho do
boneco.
- Vai, tire a roupa dela.
Pedro não vê a porta atrás dele se
abrindo, porém ninguém entra, ao menos nenhum humano entra, a porta se fecha.
Pedro olha assustado, mas não vê
ninguém, ele pretende voltar a suas atividades, quando encontra um urso de
pelúcia sentado, olhando pra ele.
- Como você chegou aqui?
Atrás dele o quebra nozes crava sua
baioneta na nuca do operador de animatrônico, o urso de pelúcia segura o controle
remoto do boneco feliz.
Kate está em seu camarim, sentada no
sofá, com os dois pés sobre uma mesinha, mascando chiclete, ela olha para o
teto “se eu vazar alguns nudes, posso receber alguma atenção?”, ela afasta a
blusa do figurino e olha seus seios, mas desiste.
- Que ideia idiota.
- Qual ideia é idiota?
Erin se encontra parada na porta do
camarim, olhando para ela, a jovem atriz se senta assustada.
- O que você está fazendo aqui?
- Estou esperando seus stories.
- Que saco!
- Pense nos cifrões, sua boneca foi a
mais vendida do natal.
- Provavelmente alguns quarentões
pervertidos também compraram.
- O dinheiro deles vale como qualquer
outro.
- Isso porque não tem nenhum incell se
maturbando pensando em você, vestida como criança de dez anos.
- Pare de reclamar e trabalhe um pouco.
Kate se deita no sofá, enquanto
produtora vai embora, ela esperneia um pouco, bate com uma almofada no sofá e
se levanta.
- É hora de entreter meus pedófilos.
Fred fuma um cigarro, olhando para o
pôster do programa estampado em uma parede, Leleca e Paçoca sorriem felizes,
sem problemas, se amando, Fred é um sorriso irônico.
A noite está deserta, é raro encontrar
Hollywood deserta, mas a noite de natal parece ser uma exceção.
Um barulho chama sua atenção, ele olha
para o lado e se depara com o bonecão sorridente.
- O que é isso?
O bonecão agarra sua cabeça, batendo
com ela contra a parede, Fred tenta se soltar, esmurrando o boneco, mas seu
corpo é duro e resistente. O boneco aperta a cabeça de Fred, que explode e seu
olho salta da órbita.
Erin entra em sua sala, encontrando um
pacote fechado, ao lado está um homem de uniforme.
- Quem é você?
- Nicolau, o estúdio mandou trazer uma
coisa - ele mostra a boneca da Kate que segura com sua mão - eles querem que a
nova boneca apareça em destaque ao ligar a árvore.
- Boa ideia - ela recebe uma mensagem
em seu celular - a Kate está fazendo uma live promocional no cenário da árvore,
por que você não leva a boneca para ela.
- Feliz natal, senhora.
- Espere, o que é isso - ela aponta o
pacote.
- Não faço ideia, estava ai quando
cheguei.
- Tudo bem.
Kate, está a frente da árvore, com o
celular em mãos:
- Feliz natal amiguinhos! Estão todos
felizes? Eu estou muito, muito, muito animada! Daqui a pouco vamos ligar essa
linda árvore. E vocês, vão assistir? Espero todos.
Ela desliga o celular, quando se
assusta com Nicolau, que sorri mostrando a boneca paçoca para ela.
- O que é isso?
- É você.
- Fala sério.
- Desculpe, o estúdio que que a boneca
apareça quando a árvore for acesa.
-E você veio só para entregar isso?
- É meu trabalho, um feliz natal.
- Bem… obrigada.
No camarim, Anabel e Ash estão dando
uns amassos, o diretor aperta a bunda dela, a virando de costas, ela rebola sobre
seu pênis, enquanto ele agarra os peitos dela sobre a roupa.
- Você sabe que isso não é muito
profissional.
- Já imaginou o público vendo a Leleca
assim?
- Não posso borrar a maquiagem, nem
sujar o vestido.
- Você é durona.
Ela se solta, senta-se na mesa, abre as
pernas e beija de leve Ash.
- Podemos brincar, mas não posso
aparecer em um programa infantil, com cara de quem acabou de ter um orgasmo.
Em sua sala, Erin abre o pacote em sua
mesa, dentro desse ela retira uma caixa de música, sorridente a executiva gira
a manivela, a música ecoa pela sala, a manivela para de girar.
- O que?
A tampa se abre, um palhaço demoníaco,
com dentes pontiagudos, sai de dentro da caixa e morde o rosto de Erin.
Ela grita, tropeça e cai, seu nariz e
lábio superior foram arrancados, o sangue jorra, a dor e o desespero se alternam,
quando palhaço de mola desliza até ela.
Erin tenta fugir, quando o palhaço pula
em seu estômago, abrindo um buraco com os dentes, começando a devorar a
executiva pro dentro.
Kate, Anael e Ash ouvem os gritos, o
casal se separa e saem do camarim correndo, eles se encontram com Kate a frente
da sala de Erin, o sangue da executiva escorre pelo chão.
Os três se exprimem para olhar pela
porta, no chão o corpo de Erin jaz sobre uma poça de sangue, seu cadáver começa
a se mover, algo parece estar dentro dele, ondas se proliferam.
Kate leva a mão a boca, com nojo, ela
controla o vômito, Anabel tenta ir até o corpo, mas é impedida por Ash, que
olha com censura.
O corpo se move mais forte, o peito de
Erin se abre, de onde sai o brinquedo palhaço, que devorou as entranhas dela.
Os três gritam e saem correndo até a
entrada principal, a porta está trancada, a fechadura presa por raízes de
árvore anormalmente duras.
Ash tenta quebrar as raízes, quando o
boneco sorridente o ataca, começando a enforcar o diretor.
Anabel salta nas costas do bonecão,
tentando libertar seu amado, Enquanto Kate se afasta, a menina teve uma ótima
ideia, indo até o extintor de incêndio do estúdio.
Anabel chora em desespero, Ash está
quase sem ar e o boneco não faz menção de solta-lo.
O impacto surpreende Anabel, que cai no
chão. Kate atinge a cabeça do boneco sorridente com o extintor de incêndio, a
garota prepara outro golpe “isso é por emperrar a minha carreira”, ela acerta
novamente, rachando a cabeça de plástico, que cai no cão convulsionando.
- Eu odeio figurino infantil!
Ela acerta novamente a cabeça do
bonecão.
Anabel ajuda Ash a se levantar, esse
segura a atriz de dezoito anos, a afastando do boneco.
- O que vamos fazer?
- O machado - a garganta de Ash ainda
doía e era difícil falar - o machado de incêndio.
Os três correm até a parede, onde sabem
que uma mangueira de incêndio fica ao lado de um machado, Kate tem dificuldade
em correr com o extintor de incêndio, mas se recusa a soltar sua arma.
Os três passam na frente da árvore, quando
Ash tropeça em alguma coisa, é um cabo de energia que liga a câmera.
O urso de pelúcia aparece a frente
dele, seu rosto sorridente e simpático muda para uma expressão feroz, dentes
pontiagudos e garras crescem, o urso fica de pé, atingindo quase um metro de
altura.
Kate acerta o urso com o extintor,
dessa vez não surge feito, seu recheio de pelúcia não sofre com o impacto.
A árvore de natal chacoalha, Anabel não
acredita no que vê, o anjo da árvore voa até Kate, erguendo a menina do chão.
O extintor cai no chão do estúdio
explodindo, o anjo leva a adolescente até a arvore, onde ela grita em agonia.
Anabel segue com o plano inicial,
tentando alcançar o machado, Ash tenta se levantar, quando recebe uma patada do
urso.
O diretor sente o sangue escorrer por
seu rosto, a carne da sua face esquerda está dilacerada, o urso assume postura
de ataque, desferindo outro golpe.
Por instinto Ash tenta se proteger com
seu braço esquerdo, a força do urso arranca seu membro, o diretor tenta se
arrastar, mas começa a entrar em choque pela dor e perda de sangue, mesmo assim
ele sente quando o urso começa a comer.
Anabel corre gritando e acerta as
costas do urso com o machado, espuma voa, o anjo vem voando até ela, mas Anabel
é mais rápida, atingindo o anjo.
O urso rosna, Anabel dá as costas,
correndo até a porta, onde desfere uma machadada na raiz que prende a porta,
sangue começa a escorrer.
O bonecão feliz segura os braços de
Anabel, sua face semi destruída mantém o sorriso no rosto, a atriz vê a sombra
do urso se formar sobre ela.
A pelúcia demoníaca rasga as costas
dela, envolve a perna da atriz, a puxando até a árvore, o bonecão feliz a
segue.
É meia noite, em todo o país as
crianças se sentam na frente da televisão, famílias interrompem momentaneamente
sua confraternização para assistir ao programa, avós, pais e tios sorriem para
seus netos, filhos e sobrinhos, que tem em mãos bonecas de Paçoca e do bonecão
sorridente.
Em todas as televisões uma música
divertida começa, o slogan do programa surge, começa a contagem regressiva, as
crianças (e alguns adultos felizes) contem junto.
A transmissão começa.
dentro do estúdio o urso aponta a
câmera para o cadáver de Anabel ao lado do bonecão feliz, com a cara destruída,
se move com dificuldade e crava a boneca no estômago da atriz morta.
Gritos ecoam da árvore de natal
gigante.
Kate é arremessada no cão, a câmera
foca na adolescente, que mesmo machucada tenta se arrastar, ela vê a câmera
ligada “socorro!”, chorando “alguém… me ajude” ...
duas raízes saem da árvore, cada uma
envolve uma das pernas da garota, que é elevada, a câmara acompanha, o
bonecão feliz dança e aplaude.
Kate grita de dor, suas pernas são
afastadas, as raízes puxam em sentidos diferentes, Kate berra como nunca fez na
vida, um ruído a acompanha, mais um grito e a garota é partida ao meio pela
árvore, suas entranhas caem perante a câmera, o bonecão dança.
As crianças, os pais, os tios e os avós
não acreditam no que acabaram de ver, chocados ficam sem reação.
FIM
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