Manhã
O jornal, na banca de jornais, trazia em sua capa a manchete: “Garçonete encontrada morta”.
Danielle acorda lentamente, ela abre seus olhos, ergue parte do corpo, ameaça retirar os cabelos diante da face, quando se assusta com um flash.
- A cena perfeita.
- O que foi isso?
- Meu próximo quadro.
- Por que você está aqui?
- Não se lembra?
Recordada do susto, Daniele se lembra da noite passada e abraça suas pernas, assustada, Vincent estende para ela uma xícara de café.
- O que está acontecendo?
- Quer descobrir?
- Ainda está divertido, para você?
- Não mais, desde ontem a noite.
Ele espera que a ruiva tome um gole do café e entrega um prato com croissants.
- Depois que a trouxe para casa, pedi para Mako agendar uma reunião com Robert.
- O Robert da agência?
- Ele organizou o evento e escalou todas vocês, uma para cada quadro, não deve ter sido coincidência o assassino ter te seguidor e você ter sido escalada para a mãe.
- Pobre Robert, deve estar arrasado.
- Então? Vem comigo?
Uma hora depois Vincent e Daniele entram em um restaurante e encontram uma mesa com Mako e Robert, a japonesa faz cara de desaprovação com a cena, já Robert desacredita.
- Senhor vincent, minhas sinceras desculpas pelo ocorrido.
- Não se desculpe, não foi culpa sua. Além disso, meus quadros devem estar mais valiosos agora, certo Mako?
- Detesto seu senso de humor.
- Sua assistente me disse que o senhor gostaria de remarcar a exposição.
- Exato, não gosto de ficar acuado, quando seria o melhor momento. Esperando que o assassinato não faça com que minha imagem se aproxime de algum aproveitador.
- Eu esperaria uns seis meses.
- Faz sentido - Vincent faz uma pausa, levando uma xícara de café aos lábios, quando encara o outro homem como um predador - Robert, posso fazer uma pergunta?
- Pois não.
- Eu fiquei curioso, fiz uma pesquisa e descobri que Rebeca foi remanejada vinte e quatro horas antes do evento acontecer, você sabe o motivo.
- O motivo está atrás de você.
- Mark olha confuso para a mesa, mas senta-se após receber o convite de seu sócio, Robert repete a pergunta, só então que Mark reconhece Daniele.
- Como pude confundir esses lindos cabelos ruivos?
- Eu estava cotada para a mãe?
- Sim, mas a remanejei. veja bem, o quadro “mãe” é muito escuro, já o local onde a coloquei era claro, tinha muitos tons de brancos, combinava melhor com seu cabelo.
- Mudou por mim?
- Não, pelo quadro, o vermelho deixava a obra mais atraente.
- Rebeca era loira.
- Sim, amarelo e preto, foi por isso.
- Eu não fui comunicado da mudança - Robert se intromete.
- Desculpe, foi só depois que olhei as garotas.
- O que é isso - Daniele aponta para o pin na lapela de Mark.
- É o símbolo de nossa agência, usamos durante o evento. Foi uma ideia minha, para promover a marca e sabermos quem é da staff.
- Nunca vi,
- É trágico, mas escolhemos a exposição do artista Vincent para inaugurarmos nossa assinatura visual.
- Estou honrado.
Todos riem de nervoso, Vincent bebe mais um gole de café e encara Robert.
- Onde está o seu?
- Em casa, o acordo era usar apenas em eventos.
- Adoro um adorno - Mark interrompe - achei tão bonito, que não resisti.
- Você é um homem visual?
- Muito, por isso fiquei tão empolgado em trabalhar com o senhor.
- Me chame de você, os dois.
Após o almoço Daniele e Vincent se despedem dos sócios, Mako se junta a eles.
- Posso falar a sós com você.
- Sei qual é o assunto, Daniele estava no viva a vós, ontem.
- Você sempre foi mórbido e tétrico, mas dessa vez exagerou.
Daniele não aguenta mais e rompe o silêncio, encarando Mako:
- Não estou transando com seu chefe, se é isso que está pensando.
- Então? - Mako cobra uma explicação de Vincent com seu olhar.
- Daniele e eu estamos tentando descobrir a identidade do assassino.
- Você enlouqueceu?
Sim - Daniele antecipa a resposta - de qualquer forma fui seguida ontem e o Vincent me deu abrigo.
- Avisaram a polícia?
- Não!
- Deviam.
- Eu farei isso Mako.
- As pesquisas que fiz, a reunião de hoje, foram por causa da investigação de vocês dois?
- Desculpe Mako.
- Inacreditável.
Daniele toma a palavra.
- Me desculpe por tudo, eu compartilho da sua opinião. Nós dois vamos a polícia, contar o que sabemos, eu prometo.
- E o que sabemos, Vincent?
- O crime está relacionado ao quadro “mãe”, vejo duas hipóteses: a) o assassino sabia que Daniele estaria no quadro mãe e se dirigiu a ela, mas ficou surpreso com a mudança e improvisou; b) o assassino quis matar Rebeca e foi direto para ela.
- Se ele queria matar a Rebeca, por que me seguiu?
- Você viu o rosto dele.
- Você viu o rosto dele?!
- Não vi!
- Você viu, só não lembra que viu.
- Peço desculpas pelo Vincent, ele fez vinte anos de análise e pensa que é psicanalista.
- Você fez vinte anos de psicanálise?
- Quinze deitado no divã.
- E está assim?
- Você não faz ideia de como ele era.
- Chega de falar de mim, Mako eu quero que você descubra todos os membros da Staff daquele dia.
- Considere feito, mas…
- Mas?
- Assim que vocês saírem eu chamo a polícia e informo do pin.
- Mako…
I- sso não é negociável.
A noite
Robert e Mark chegam às suas casas, um sem saber do outro. Um deles é o assassino, já o outro não faz ideia.
Robert e Mark retiram seu blazer, arregaçam as mangas, colocam seus jantares no fogo. Cada um abre o seu computador: um começa a assistir uma série, enquanto espera pelo jantar ficar pronto; o outo pesquisa sobre Vincent.
O assassino abre uma pasta com fotos de mulheres ruivas. A fotografia de Daniele continua ali.
Uma réplica do quadro “mãe” enfeita a parede do quarto do assassino.
O assassino se serve de uma taça de vinho tinto, forte encorpado, o outro homem também.
Em outro lugar, Mako vira a noite pesquisando, ela descobriu facilmente a lista da staff, mas não se contentava com pouco.
Quando Vincent e Daniele chegam ao apartamento do pintor, a polícia estava alí, os dois recebem uma grande bronca e Vincent entrega o pin, cabisbaixo.
O policial ameaça prendê-lo e vai embora.
Na casa do assassino, este contempla o quadro mãe, completamente nu, um corpo trabalhado, musculoso, definido, cabelos penteados, porte de atleta.
- Você se mostrou um desafio Daniele.
Ele caminha pela casa, indo até uma pequena área, onde dá início aos seus exercícios, ouvindo música o assassino faz barra, em sua mente os cabelos ruivos de Daniele se tornam o sangue jorrando, da cor dos olhos vermelhos.
O assassino olha-se no espelho, enxerga apenas a imagem de Vincent.
Termina na próxima semana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário