sábado, 25 de maio de 2024

Alice Sacrifício Humano - Capítulo 02 A Primeira Alice



Pouco depois de Yuki apresentar sua matéria bomba na televisão, muitas pessoas se revoltaram, enquanto alguns mais exaltados quebravam os televisores, outros gravavam vídeos ofendendo a repórter, a chamando de preconceituosa e outros nomes não lisonjeiros. O nome da Yuki fica em primeiro no trending topics.

A protagonista deste capítulo encontra-se alheia a todo esse barulho, Misako, uma bela jovem de cabelos pintados de vermelho atravessa um parque público próximo a universidade federal, de onde saiu alguns minutos atrás, ou seja antes da matéria de yuki ir ao ar..

Uma imensa lua vermelha paira sobre a garota solitária, que percorre uma trilha em meio a árvores. Misako ouve algo atrás de si, assustada ela aperta o passo, o que se revela difícil com botas plataforma.

- Quem está aí?

O silêncio é sua resposta, algo a incomoda, contudo não encontra nada de diferente naquela paisagem. ela está completamente só.

- Esse caminho nunca fica vazio.

Uma rajada de vento carrega uma chuva de folhas vermelhas, uma figura alta, esguia, de roupas, casaco, luvas e um chapéu, todos pretos, a exceção deu uma máscara cor de pele, sem face definida, encontra-se atrás da garota, a observando.

A figura mascarada acaricia a bainha de uma katana, com sua mão esquerda segura firmemente a bainha, a direita percorre a arma, acariciando a empunhadura, de forma quase obscena, ele  sacando a espada.

O som da arma atrai o olhar de Misaki, que gira sobre os calcanhares, os cabelos da bela esvoaçam, suas pupilas refletem o movimento circular da katana,  o tempo e o espaço parecem se modificar, segundos parecem durar horas.

Tudo o que resta é a dor, o sangue flui do ferimento da jovem, ela vê o líquido vermelho vazando do corte que percorre do ombro até a cintura.

O sangue se espalha, juntamente a pétalas vermelhas, trazidas pelo vento em uma chuva carmesim, ela grita,  cambaleando ela vira  para trás, em uma tentativa inútil de fugir. A figura mascarada observa com a espada rente ao corpo.

As pernas de Misaki não a obedecem, a sensação de tontura a consome, a dor começa a dar lugar a letargia, a garota cai, observando a gigantesca lua vermelha, que parece zombar dela.

Ela sente seu corpo ser atravessado pela katana, uma mão envolta em luva preta a arrasta pelos cabelos mata adentro, deixando um rastro rubro atrás de si. 

Na manhã seguinte uma corredora percorre a mesma trilha quando vê um rastro vermelho fazendo uma curva e entrando na mata, curiosa ela segue o rasto e grita grita assustada.

Minutos depois a polícia cerca a cena do crime, o rastro vermelho leva até uma árvore, onde Misaki está enforcada, suas roupas tingidas de vermelho, assim como a árvore e a grama sob ela, um valete de espadas está preso a corda que a sustenta.


domingo, 19 de maio de 2024

Alice Sacrifício Humano: Capítulo 1 - Prazer e morte

Alice Sacrifício Humano

 

Tóquio, entardecer


O inspetor Fuyutsuki, da polícia de Tóquio sabe que não deveria estar ali, mas sim no Instituto Médico Legal, onde a polícia vai fazer seu pronunciamento, mas algo o incomoda. Ele olha para a casa que fora cena do último crime crime.

Sem compreender o incômodo o inspetor acende um cigarro, se vira e começa a caminhada até o IML, sabendo que vai chegar atrasado.

A casa fica na cabeceira de uma longa rua, que antes de terminar e chega na rodovia principal tem um cruzamento.

- Shi - ele fala sozinho a pronúncia do número quatro, que por coincidência é a mesma pronúncia de morte.

Enquanto desce algo chama sua atenção, algo que não deveria estar ali, ao tempo em que não se enquadra no requisito bizarro.

Em um dos quatro cantos do cruzamento encontra-se uma menina, de longos cabelos loiros, cor de palha, rosto comprido, quase esquelético, porém nada feia, apenas estranha. Seus olhos profundos trazem a sabedoria de anos. A menina está de vestido azul, contando até quatro:

- Ichi, Ni, San, Shi - sua música não possui emoção, a cada número ela joga uma bola vermelha para cima, depois do quatro ela recomeça a contagem, ignorando que tal número é sinônimo de azar.

Fuyutsuki tenta se acalmar, mas é impossível, ele passa pela garotinha, que agarra a bola vermelha com força e sorri para ele. 


Alice: Sacrifício Humano


Instituto médico Legal, Tóquio, entardecer.


Uma multidão de repórteres se aglomera na sala de imprensa, o clima de inquietação domina o local, sussurros nervosos dão conta de um crime horrendo finalmente solucionado.

Dentre os presentes uma figura se encontra perdida, o câmera do canal 4 procura por Yuki, sua repórter desaparecida.

- Procurando alguma coisa? - era Massami, o produtor, o único representante da imprensa com cara de entediado.

- A…

- Yuki, esqueci que você é novato, não se preocupe, logo ela chega com alguma exclusiva.

- Mas a coletiva já vai começar…

Massami apenas revira os olhos, ignorando por completo seus sentimentos de reprovação.


Longe dos olhos dos curiosos, em uma sala fria de necrotério, Yuki estuda fotos de uma criança morta, cuja pele do rosto fora arrancada, a repórter sente uma mão repousar sobre seu ombro, ela fecha os olhos consignada.

- Isso não é suficiente.

- Foi o vizinho, aluno de humanas da universidade federal, que sequestrou a criança alegando que a criança o havia seduzido.

- Já sabemos disso, inclusive temos a análise psicológica, ele arrancou o rosto dela por vergonha… - Yuki se levanta para sair, quando o legista cerra os olhos, tremendo revelar sua informação.

- Isso foi inventado para preservar as famílias…

- As famílias…?

- E a reputação da universidade.

- Continue.

Ela aproxima-se sedutora, seus olhos penetram no olhar tendo do legista, sua mão se encaminha para o membro dele, acariciando com cuidado.

- Ele arrancou a pele da garota…. fritou e a comeu - Yuki intensifica as carícias, fazendo o legista gemer de prazer - ele obrigou a menina a comer parte de sua pele. AHHHH MEU DEUS! E alguns dedos. O rapaz arrancou parte um pedaço da nádega dela a mordidas, AHHHHHHH!

- O que você está escondendo?

- O orientador dele, é o deputado Kuroga.

- Militante político? Agora faz sentido. Onde estão as provas.

- Não vou arriscar minha carreira por uma masturbação.

Yuki aproxima-se o beijando, permitindo que o legista a segure pela cintura, ela sente mãos nervosas explorando seus quadris, uma das mãos desce para as belas pernas, entrando na saia.

Yuki se senta delicadamente sobre a mesa de autópsia, abre as pernas e puxa o legista, que se afasta violentamente, Yuki olha assustada, quando percebe sua blusa ser aberta de forma atrapalhada.

- Vou entrar ao vivo logo.

Ele acaricia os seios sob o sutiã, puxa Yuki, a vira de bruço, jogando a garota sobre a mesa, levantando sua saia e colocando a calcinha de lado.

Yuki encara a fotografia da garota morta, quando sente o membro do médico adentrar seu corpo, a estocada é rápida, afoita, Yuki simula gemidos de prazer.

O legista se afasta, yuki observa o nada, ainda deitada, com a saia arriada e a camisa branca aberta, seu olhar reflete o mais absoluto vazio. Ela ouve som de gavetas se abrindo, quando o legista se aproxima, com um pendrive.

- Tudo o que você precisa saber, mas lembre-se.

- Nunca conversei com você.

  Em pouco tempo Yuki chega a sala de imprensa, ele aproxima-se de Massami e sussurra as informações do legista, omitindo os meios utilizados, ele não acredita na informação que recebeu, mas sorri ganancioso.


Naquela noite Yuki entra ao vivo no jornal local, com sua exclusiva, a matéria é intercalada com fotografias do assassino e principalmente de seu orientador, dentro da universidade, na bancada do congresso a frente de bandeiras do movimento político, por fim a imagem da universidade federal, sem ninguém.

Kyoko, uma jovem influencer, cheia de energia, que se caracteriza pela fofura gótica, ostenta uma cabeleira verde, com penteado infantil, imitando a Sailor Moon. Ela encara a câmera com seriedade, um segundo antes de iniciar a live ela sorri e acena.

- Canibalismo! Muito se discute sobre o mito do canibal selvagem, nossa principal fonte de informações é o ciclo do canibalismo italiano, iniciado por Ruggero Deodato, discutindo quem são os selvagens, ao final de sua obra “Holocausto Canibal”, Deodato afirma não existir diferença entre a selva de pedra e a verde, em ambas a natureza destrutiva se impõe.

Ela faz uma pausa, lendo os comentários atrás de si, um imenso pôster com uma foto de seu rosto.

- Não sei vocês, mas tem um clima muito pesado nos últimos dias, eu sinto essas coisas desde pequena, tem alguma coisa muito sinistra prestes a acontecer. Tomem cuidado, meus amores.